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Vice peruano sofre pressão por saída antes mesmo de assumir

Partido Novo Peru pede a Vizcarra que impulsione novas eleições e reforma constitucional; Lima tem protesto contra situação política

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Por Redação
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LIMA - O encarregado de assumir a presidência peruana após a renúncia de Pedro Pablo Kuczynski, na quarta-feira, enfrenta pressão popular e legislativa por sua renúncia antes mesmo de tomar posse. Martín Vizcarra, vice-presidente que também atua como embaixador no Canadá, deve assumir hoje a chefia de governo em meio a protestos e pedidos de novas eleições ou uma reforma constitucional. 

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Milhares de pessoas se reúnem em frente ao Congresso peruano para pedir por novas eleições Foto: REUTERS/Mariana Bazo

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Caso a renúncia de Kuczynski seja aceita pelo Congresso, Vizcarra assume a presidência, segundo a Constituição, até o fim do atual mandato, em julho de 2021. O movimento Não a Keiko realizou na quinta-feira, 22, um protesto na Praça San Martín, centro de Lima, contra a atual conjuntura política do Peru.

Kuczynski apresentou sua renúncia horas após a opositora Força Popular, da ex-candidata presidencial Keiko Fujimori, divulgar vídeos nos quais seu irmão caçula, Kenji, e outros legisladores oferecem a políticos de seu partido a realização de obras de infraestrutura em troca do voto contra a segunda moção de destituição de Kuczynski, acusado de ter ligação com o escândalo Odebrecht.

PPK livrou-se da outra moção, em dezembro, após nove legisladores do Força Popular, entre eles Kenji, se absterem de votar. Três dias depois, PPK indultou o ex-presidente Alberto Fujimori, que havia sido condenado a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade. O indulto foi interpretado como um acordo em troca de apoio parlamentar.

O partido de esquerda Novo Peru pediu a Vizcarra que impulsione uma reforma constitucional e convoque novas eleições gerais no país. “Quando falamos de novas eleições, falamos de novas regras de jogo que não ponham no poder os que nos levaram a esta crise”, disse a líder do Novo Peru, Verónika Mendoza, a terceira candidata mais votada nas eleições presidenciais de 2016, nas quais Kuczynski derrotou Keiko.

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Ela enfatizou que seu movimento apoia a posse de Vizcarra, mas exige que ele impulsione uma profunda mudança nas regras eleitorais. Verónika também pediu a Vizcarra que defenda a autonomia do sistema de Justiça para garantir o prosseguimento das investigações por corrupção e adote um plano de reativação da economia.

Uma posição semelhante foi manifestada pelo ex-candidato presidencial do partido centrista Ação Popular, Alfredo Barnechea. “O senhor Vizcarra não está assumindo a presidência por morte de alguém, ele será um presidente de transição e não deve ficar até o fim do mandato para o qual não tem maioria legislativa. Somente eleições gerais reordenarão o país”, declarou.

Levantamento. Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 22, pelo instituto GFK mostrou que 49% dos peruanos desejam a renúncia tanto de Vizcarra quanto da segunda vice-presidente, Mercedes Aráoz. Para isso, o presidente do Congresso, Luis Galarreta, deveria convocar novas eleições. Apenas 26% dos questionados são a favor de que Vizcarra assuma a presidência. 

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Vizcarra foi também ministro dos Transportes de PPK, e renunciou ao cargo após ser acusado pela oposição de ligação com um caso de corrupção envolvendo a construção do aeroporto de Cuzco. A oposição não apresentou provas e o vice-presidente foi nomeado em setembro, em uma espécie de exílio, embaixador no Canadá. 

Uma das primeiras tarefas de Vizcarra após assumir a presidência será recompor o gabinete, cujos ministros tiveram de renúncia após a demissão de Kuczynski. Através de sua conta no Twitter, ele adiantou que buscará a unidade para demonstrar que se pode seguir em frente respeitando a Constituição.

Até agora, a primeira decisão de Vizcarra é seguir adiante com a Cúpula das Américas – marcada para os dias 13 e 14, em Lima –, encerrando os rumores de que ela seria adiada em razão da crise. O encontro ganhou peso diplomático pela presença de Donald Trump e pela retirada do convite ao venezuelano Nicolás Maduro. / EFE e AFP

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