CARACAS - A vice-procuradora venezuelana Katherine Haringhton, possível substituta da procuradora-geral Luisa Ortega, começou a dar suas primeiras ordens, apesar de ainda não ter assumido o cargo.
Haringhton informou no Twitter que comissionou uma procuradora para "revisar" no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) o caso de 14 policiais presos em Caracas que têm ordem de saída da prisão desde agosto de 2016.
A vice-procuradora foi nomeada na semana passada pelo TSJ, que tramita um processo de destituição contra Ortega, a quem declarou em desacato.
Ortega, histórica chavista que se opôs a várias medidas adotadas recentemente pelo governo, não reconheceu a nomeação de Haringhton, antiga colaboradora sua, por considerar ilegítimos os magistrados do TSJ, acusados pela oposição de servir ao governo.
A procuradora-geral, que se afastou do governo em meio aos protestos da oposição, que deixaram 92 mortos desde 1.º de abril, impediu Haringhton de entrar no Ministério Público para assumir o cargo de vice-procuradora.
Ela argumenta que, segundo a lei, a nomeação precisa ser aprovada pelo Parlamento, de maioria opositora. No entanto, o tribunal considera "nulas" as decisões do Legislativo, declarado em "desacato".
O TSJ deve decidir nos próximos dias se aceita um processo contra Ortega, que poderia levar à sua destituição por "faltas graves", acusada de mentir em declarações sobre os magistrados.
Haringhton foi sancionada em 2015 pelos Estados Unidos por supostas violações de direitos humanos, ao enviar à prisão dirigentes opositores como o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma. / AFP