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Vítimas da ETA acham que cessar-fogo pode pôr fim ao terror

As vítimas acreditam que o cessar-fogo pode sinalizar o ponto inicial para o fim do terrorismo na Espanha, mas pedem firmeza para evitar a impunidade dos terroristas

Por Agencia Estado
Atualização:

As principais associações de vítimas do terrorismo na Espanha tornaram público neste sábado um comunicado no qual expressam que o anúncio de cessar-fogo permanente da ETA "pode ser o ponto inicial de um processo que conduza ao fim do terrorismo". "As vítimas do terrorismo que conhecem o sofrimento provocado pelo emprego da violência com fins políticos, são os maiores interessados em que o terrorismo acabe definitivamente na Espanha", indica o comunicado assinado por 11 associações. "O cessar-fogo permanente anunciado pela ETA, na quarta-feira passada e que entrou em vigor na sexta-feira, não constitui o final do terrorismo", embora as vítimas opinem que pode ser "o ponto inicial" de um processo para alcançar este objetivo. "Isso dependerá do acerto do governo no desenvolvimento de uma política que conduza à vitória da sociedade democrática sobre o terrorismo", assinalam as associações, que acham necessário o acordo dos partidos signatários do Pacto pelas Liberdades e contra o Terrorismo, firmado em 2000, "para enfrentar com união a situação criada com o anúncio da ETA". O grupo terrorista, que não comete atentados mortais desde maio de 2003, assassinou mais de 850 pessoas desde 1968. Contra a impunidade As vítimas pedem "firmeza para evitar a impunidade dos terroristas" e assinalam que "o fim do terrorismo não pode levar à frustração das aspirações de justiça das vítimas do terrorismo e da sociedade espanhola". As associações signatárias do comunicado reagiram com cautela após o anúncio do cessar-fogo e lamentaram que a ETA não tenha anunciado com clareza um abandono definitivo das armas. A Associação de Vítimas do Terrorismo (AVT), muito crítica em relação à política antiterrorista do governo do socialista José Luis Rodríguez Zapatero, alertou na quarta-feira que o anúncio era "uma armadilha" e sobre o risco de fazer concessões políticas à ETA. O presidente da AVT, José Alcaraz, disse que a decisão da direção etarra "pretende conseguir o que não conseguiu com mil mortes: a autodeterminação".

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