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Vitória sobre Estado Islâmico deve ser ideológica, diz Obama

Em cúpula com mais de cem países, Washington e Moscou voltam a discordar sobre melhor forma de derrotar o grupo radical islâmico

Por CLÁUDIA TREVISAN
Atualização:
Quase constrangidos, o presidente americano, Barack Obama, e o presidente russo, Vladimir Putin, se cumprimentam nas Nações Unidas Foto: Mikhail Klimentyev/RIA-Novosti, Kremlin Pool Photo via AP

NOVA YORK - O Estado Islâmico se mostrou “resiliente” no enfrentamento da coalização internacional liderada pelos EUA e revelou ser “muito efetivo” no recrutamento por meio de redes sociais, afirmou ontem o presidente Barack Obama, em discurso de abertura de cúpula sobre extremismo islâmico e terrorismo na sede da ONU. O americano afirmou que houve avanços desde o ano passado no enfrentamento do EI, mas reconheceu que a missão levará tempo e haverá retrocessos. “Essa não é uma batalha convencional. É uma campanha de longo prazo, não apenas contra essa rede particular, mas também contra sua ideologia”, declarou Obama a representantes de mais de cem países que participaram do encontro. Apesar de ter enviado um participante como “observador”, a Rússia criticou a iniciativa, dando continuidade ao embate protagonizado por Obama e Vladimir Putin em seus discursos na Assembleia Geral da ONU, na segunda-feira. O embaixador de Moscou nas Nações Unidas, Vitaly Churkin, disse que a iniciativa ocorre fora da moldura da ONU e mina os esforços no combate ao terrorismo. Segundo Obama, não será suficiente vencer o EI no campo de batalha. A vitória também terá de ocorrer no âmbito das ideias. “Ideologias não são derrotadas com armas, são derrotas com melhores ideias.” Depois de proporem estratégicas divergentes ao plenário da ONU, Obama e Putin se reuniram na segunda-feira para discutir o tema. “O encontro foi muito construtivo, prático e surpreendentemente franco”, disse Putin ao sair da conversa com Obama. “O presidente teve uma conversa positiva com o presidente Putin”, disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. A principal divergência é o papel do presidente Sírio, Bashar Assad, no enfrentamento do EI. Os EUA exigem sua saída do poder e afirmam que qualquer solução deve incluir a transição política para um novo governo. Principal aliado de Assad, Putin defende que a comunidade internacional o apoie na luta contra o EI. Para o russo, a estratégica dos EUA de armar a oposição moderada síria estimulará o terrorismo. “Primeiro, eles são treinados e armados. Depois, desertam para o EI”, disse Putin na ONU. Levantamento divulgado ontem pelo Observatório Sírio de Direito Humanos, ONG que monitora o conflito, mostrou que 3.221 pessoas foram mortas na Síria e no Iraque pelo EI desde junho de 2014, quando o grupo criou o califado no norte da Síria e do Iraque. 

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