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(Atualizada às 15h55) SANAA - Rebeldes xiitas do Iêmen anunciaram nesta sexta-feira, 6, uma "declaração constitucional", na qual dissolveram o Parlamento e prometeu formarum conselho presidencial interino de cinco membros. Esse grupo será responsável pela administração do país nos próximos meses. Os rebeldes, conhecidos como houthis, tomaram o controle da capital Sanaa em setembro, quando deixaram seu reduto no norte do país, dominando várias cidades no caminho.
As ações tomadas pelo grupo na capital - que incluíram um ataque contra o palácio presidencial e um cerco à casa do presidente Abed Rabbo Mansur Hadi - forçaram o presidente e todos os membros do gabinete a apresentar sua renúncia em janeiro.
Desde então, Hadi e os ministros estão em prisão domiciliar. Os rebeldes declararam um prazo final, que terminou na quarta-feira, para que os partidos políticos do país negociassem o que chamaram que uma caminho a seguir "aceitável". Caso contrário, ameaçavam agir unilateralmente.
Alguns líderes políticos compareceram ao anúncio, que aconteceu no palácio presidencial. Ex-ministros do Interior e da Defesa também estavam no local, indicando que o pronunciamento tem o aval de outras facções políticas.
Os houthis, que seriam apoiados pelo Irã, pediram a seus partidários que saiam às ruas para celebrações noturnas. Eles também enviaram homens armados e picapes com armamento antiaéreo para as principais ruas e proximidades de instituições importantes.
A medida foi tomada após dias de fracassadas negociações patrocinadas pelo enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) ao Iêmen, Jamal Benomar.
O conselho presidencial deve ter representantes do norte e do sul do país. Partidos iemenitas exigiram garantias de que a formação do conselho acontecesse ao mesmo tempo que forças houthis saíssem de importantes instituições, além da libertação de Hadi e dos membros do gabinete da prisão domiciliar.
Outros partidos que participaram das negociações queriam que o Parlamento se reunisse e anunciasse eleições antecipadas, mas os houthis se mostraram contrários à proposta, afirmando que o Parlamento não tem legitimidade e seu mandato terminou.
Mohammed al-Sabri, importante político de uma aliança multipartidária chamada Reunião Conjunta de Partidos, descreveu as ações dos houthis como "golpe", prevendo que elas levarão a um "isolamento regional e internacional do Iêmen".
No ano passado, o Conselho de Segurança da ONU colocou dois líderes houthis e o deposto ex-presidente do país, Ali Abdullah Saleh - que seria o principal apoiador dos houthis - numa lista de sanções por terem prejudicado a transição no Iêmen. / AP e REUTERS