Zimbabuanos festejam esperada queda de Mugabe

Militares impedem multidão de se aproximar do palácio presidencial, onde o chefe de Estado está sob prisão domiciliar

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HARARE - Dezenas de milhares de zimbabuanos inundaram as ruas de Harare neste sábado cantando, dançando e abraçando soldados em uma forte demonstração de euforia pela esperada queda do presidente Robert Mugabe, seu líder nos últimos 37 anos.

Multidão em Harare pede a saída de Mugabe Foto: AP Photo/Ben Curtis

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No entanto, os militares impediram que os manifestantes se aproximassem do palácio presidencial, onde Mugabe se encontra sob prisão domiciliar decretada pelas Forças Armadas. Em protesto, eles se sentaram na calçada, a menos de 200 metros da sede da presidência. 

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As manifestações contra Mugabe, que começaram de forma pacífica na manhã deste sábado, encerram uma semana de crise política sem precedentes no Zimbábue, onde as Forças Armadas tomaram o controle do país e colocaram em prisão domiciliar o chefe de Estado de 93 anos. A intervenção do Exército representa uma guinada no longo reinado de Mugabe, marcado pela repressão de opositores e uma grave crise econômica.

O protesto foi organizado pelos veteranos da guerra da independência – importantes atores da vida política do país – e movimentos da sociedade civil, entre eles o ThisFlag, do pastor Ewan Mawarire, uma das figuras-chave do movimento contra Mugabe reprimido em 2016 pelas forças de segurança.

"Mugabe precisa descansar agora", diz cartaz de manifestantes em Harare Foto: AFP

Os militares estavam presentes nas ruas de Harare, mas, desta vez, os manifestantes os saudavam e apertavam suas mãos. Alguns, até mesmo, tiravam fotos com o chefe do Estado-Maior, o general Constantino Chiwenga, que liderou o golpe de Estado. Nas ruas da capital, os zimbabuanos mostraram sua emoção ao falar sobre mudanças políticas e econômicas após duas décadas de repressão e dificuldades crescentes.

“Estas são lágrimas de alegria”, disse Frank Mutsindikwa, de 34 anos, segurando a bandeira do Zimbábue. “Estive esperando por este dia por toda a minha vida. Livres enfim.”

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Alguns balançavam bandeiras com os dizeres “Não à dinastia Mugabe”, levantando os punhos num sinal de liberdade. Outros abraçavam os soldados que tomaram o poder, gritando “Obrigado! Obrigado!”, em cenas impensáveis uma semana atrás.  “Estes são os nossos líderes agora”, disse Remember Moffat, de 22 anos, com uma imagem de Chiwenga, e de Emmerson Mnangagwa, o ex-vice-presidente, cuja demissão no início do mês precipitou a intervenção militar. 

“Meu sonho é ver um novo Zimbábue, em toda a minha vida eu só conheci esse tirano chamado Mugabe”, disse Moffat. / AFP e REUTERS

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