WASHINGTON- O Conselho de Segurança da ONU recebeu nesta terça-feira, 18, um projeto de novas sanções ao Irã apresentado pelos Estados Unidos, que permite a inspeção de seus navios em alto mar, restringe seus investimentos no exterior e proíbe a venda de armas pesadas a Teerã.
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O plano, que será remetido ao Conselho de Segurança da ONU, foi acordado pelos cinco membros permanentes do CS (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), disse um alto funcionário americano.
Susan Rice, embaixadora dos Estados Unidos na ONU, circulou o texto para os dez membros não-permamentes do Conselho nesta terça, um dia depois de Teerã tentar evitar sanções por meio de um acordo nuclear firmado com o Brasil e a Turquia.
Rice afirmou que a resolução reforçaria sanções existentes, adicionando novas medidas mais restritivas para intensificar a pressão contra o governo iraniano pelo seu programa nuclear.
O documento incita os Estados a tomarem medidas apropriadas que proíbam a abertura de novos negócios, subsidiárias, ou escritórios representativos de bancos iranianos se houver razões para se acreditar que eles estejam envolvidos com a proliferação nuclear.
O rascunho também ressalta "a necessidade de exercitar a vigilância a transações envolvendo bancos iranianos, o Banco Central do Irã, assim como a prevenção de transações que contribuam para a proliferação de atividades nucleares" ou ao desenvolvimento de armas atômicas.
O Irã não poderá investir em certas atividades nucleares no exterior e seus navios poderão ser inspecionados em alto mar, de acordo com um alto funcionário americano.
A resolução também proíbe a comunidade internacional de vender tanques, veículos militares blindados, navios de guerra e outras armas pesadas a Teerã, e solicita um regime de inspeção internacional de ogivas suspeitas de conterem produtos relacionados ao programa nuclear ou de mísseis do Irã.
De Washington, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, havia antecipado que as novas sanções tinham o respaldo da Rússia e da China, antes reticentes a adotar novas sanções.
Acordo
Na segunda-feira, o Irã assinou um acordo com o Brasil e a Turquia para realizar a troca de urânio enriquecido por material nuclear pronto para ser usado em um reator de pesquisas. A proposta é semelhante à firmada entre a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e Teerã em outubro do ano passado, embora os iranianos tenham deixado o pacto na ocasião.
As sanções eram pretendidas pelas potências ocidentais, que temem que o Irã enriqueça urânio para produzir armas de destruição em massa. Elas dizem que a República Islâmica não coopera com a AIEA nas investigações sobre seu programa nuclear. Teerã, porém, nega e afirma que mantém as atividades atômicas apenas para produzir energia elétrica.
Apesar de o acordo ser ainda mais detalhado do que a proposta feita a Teerã em outubro pela AIEA, o Departamento de Estado americano anunciou ontem que o pacto não mudava em nada a disposição de Washington de impor, por meio das Nações Unidas, uma nova série de sanções ao Irã.
China
Uma nova rodada de sanções contra o Irã, se aprovada, não teria intenções de prejudicar os negócios normais com Teerã, disse nesta terça o embaixador chinês na ONU, Li Baodong.
"O propósito de sanções é trazer o lado iraniano de volta à mesa de negociações", disse Li a repórteres depois de os Estados Unidos ter circulado uma resolução aos 15 membros não-permanentes do CS da ONU. "As sanções não são para punir pessoas inocentes e não devem afeter relações normais".
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Notícia atualizada às 21h12 para acréscimo de informações