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Forças de Kadafi atacam Zawiya, dominada por rebeldes

Segundo testemunhas, os combatentes da oposição estavam sendo cercados na praça principal da cidade por tanques de guerra e atiradores leais ao ditador

Atualização:

TRÍPOLI - Forças leais ao ditador Muamar Kadafi atacaram nesta quarta-feira, 9, mais rebeldes que dominam a localidade de Zawiya, no oeste da Líbia, cercando-os na praça principal com tanques e atiradores de elite, segundo relato de um morador e de um combatente rebelde. Veja também: especialTwitter: Acompanhe os relatos do enviado do EstadoespecialLinha do Tempo: 40 anos de ditadura na Líbiablog Arquivo: Kadafi nas páginas do EstadoespecialInfográfico:  A revolta que abalou o Oriente Médioblog Radar Global: Os mil e um nomes de Kadafilista Análise:  Revoluções marcam o o retrocesso da Al-Qaeda "Podemos ver os tanques. Os tanques estão em toda parte," disse o combatente à Reuters, falando por telefone de Zawiya, a cidade rebelde mais próxima da capital, Trípoli. "Eles cercaram a praça com tanques e franco-atiradores. A situação não é tão boa. É muito assustador. Há muitos franco-atiradores," afirmou o morador. Enquanto a comunidade internacional ainda hesita sobre como reagir à crise na Líbia, uma contra-ofensiva promovida por partidários do governo conteve o avanço dos rebeldes no leste e nas cidades de Zawiya e Misrata, no oeste. A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, deixou claro que Washington considera que a imposição de uma zona de exclusão aérea é um assunto para as Nações Unidas, e não deve ser uma iniciativa liderada pelos EUA. "Queremos ver a comunidade internacional apoiar (a zona de exclusão aérea)," disse ela à TV Sky News. "Acho importantíssimo que não seja um esforço sob liderança dos EUA." O combatente rebelde de Zawiya, chamado Ibrahim, disse que as forças leais a Kadafi controlam a avenida principal e os subúrbios. As forças rebeldes ainda controlavam a praça, e o inimigo estava a cerca de 1.500 metros de distância, disse ele. Ibrahim contou ainda que há franco-atiradores do Exército no topo da maioria dos edifícios, disparando em quem se atreve a deixar suas casas. "Há muitos mortos e não se pode sequer enterrá-los. Zawiya está deserta. Não há ninguém nas ruas. Nenhum animal, nem mesmo os pássaros no céu," disse ele. Um porta-voz do governo disse que os soldados controlam a maior parte de Zawiya, mas que ainda há um pequeno grupo de combatentes rebeldes, "talvez 30 ou 40, escondendo-se nas ruas e no cemitério." "Eles estão desesperados," disse o porta-voz em Trípoli. Os jornalistas estrangeiros foram impedidos de entrar Zawiya, 50 quilômetros a oeste de Trípoli, e em outras cidades perto da capital sem escolta oficial. A euforia revolucionária parece ter diminuído. "As pessoas estão morrendo lá fora. As forças de Gaddafi têm foguetes e tanques," disse à Reuters na quarta-feira Abdel Salem Mohamed, 21 anos, perto da cidade de Ras Lanuf. "Está vendo isto aqui? Isto aqui não presta," disse ele, apontando para sua metralhadora leve. Bombardeios atingiram as posições rebeldes por trás da "terra de ninguém" no trecho de deserto entre Ras Lanuf e Jawad Bin, 550 quilômetros a leste de Trípoli. As cidades ficam a cerca de 60 quilômetros de distância entre si, na estrada estratégica ao longo da costa do Mar Mediterrâneo. As tropas governistas que haviam cercado a cidade rebelde de Misrata partiram na terça-feira, dirigindo a leste para Sirte, junto com reforços provenientes de Trípoli, segundo um morador. Já havia relatos anteriores de Sirte havia recebido reforços militares do sul.

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