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Instalação nuclear mostra que Irã é imune a ameaças

Importante autoridade iraniana diz que nem sanções nem ataque militar interromperão programa nuclear

Por MARK HEINRICH
Atualização:

A construção de uma segunda central de enriquecimento de urânio é uma "mensagem política" do Irã, segundo a qual nem sanções nem um possível ataque militar jamais irão interromper seu programa nuclear, disse uma importante autoridade iraniana na terça-feira. Em uma entrevista, Ali Asghar Soltanieh, o enviado do Irã à agência de vigilância nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU), disse à Reuters que a preocupação da agência de que Teerã esteja escondendo mais atividade nuclear após a revelação da central de enriquecimento era um julgamento político injusto que ia além do seu mandato. Ele afirmou que a revelação feita pelo Irã em setembro da central de Fordow, perto de Qom, em construção para o caso de a planta principal de enriquecimento ser bombardeada, mostrava que o país cumpria suas obrigações de transparência com relação à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A AIEA acredita que o Irã estava juridicamente comprometido a revelar o projeto há ao menos dois anos. Em um relatório divulgado na segunda-feira, a AIEA diz que a declaração sobre a existência da central de centrífugas de Fordow estava muito atrasada e "reduzia a confiança" de que Teerã não esteja escondendo outras instalações --provavelmente de apoio a Fordow. O documento afirma que o Irã disse à AIEA que começou a construir a planta dentro de um bunker debaixo de uma montanha na segunda metade de 2007, mas a AIEA tem imagens de satélite e provas de inteligência indicando que as obras foram iniciadas em 2002. O Irã permitiu acesso total dos inspetores da AIEA à central nos dias 26 e 27 de outubro, mas não ao diretor da planta e aos que projetaram originalmente a obra. O relatório afirma que o Irã ainda não descartou de forma convincente a existência de mais instalações nucleares ocultas nem de projetos para tanto. Referindo-se ao ceticismo expressado no relatório da AIEA, Soltanieh disse. "Nós o rejeitamos em 100 por cento. Esse tipo de julgamento é absolutamente errado, injusto, político e ultrapassa o mandato (da AIEA). Não há justificativa para ele." "A nova instalação de Fordow é uma clara mensagem política de que nem as sanções do Conselho de Segurança da ONU nem a ameaça de um ataque militar são capazes de deter o (nosso) enriquecimento sob todo o escopo das salvaguardas da AIEA", afirmou ele, falando em inglês. "Assim, o conselho àqueles (potências ocidentais) que até agora não enfrentaram essa realidade é enfrentá-la com essa realidade - que esse enriquecimento continuará a qualquer preço sob o monitoramento da AIEA para finalidades pacíficas", afirmou Soltanieh. O Irã afirma que a instalação, assim como o restante de seu programa nuclear, tem como finalidade apenas produzir combustível a usinas de energia civis.

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