Irã não precisa ganhar a confiança do Ocidente, diz Ahmadinejad

Presidente iraniano diz que país já se submeteu às leis internacionais e as incorporou

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NOVA YORK - O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse nesta segunda-feira, 3, que seu país não precisa conseguir a confiança das potências ocidentais para dar continuidade ao programa nuclear, segundo o canal de notícias CNN. As declarações do iraniano foram feitas no aeroporto internacional de Nova York, onde chegou para a cúpula de revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) da ONU.

 

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"Não devemos procurar maneiras de obter a confiança desses países já que o Irã se submeteu às leis internacionais e as incorporou", disse Ahmadinejad após sua chegada aos EUA.

 

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Mais cedo, Ahmadinejad argumentou que nos últimos 60 anos "nós não tivemos desarmamento nem não-proliferação e alguns países até mesmo procuraram a bomba durante esse período".

 

O presidente dos EUA, Barack Obama, chegou ao poder prometendo restaurar a credibilidade de seu país na não-proliferação. Funcionários do governo citam iniciativas como o acordo sobre controle de armas com a Rússia como um passo importante.

 

O presidente iraniano deve fazer um discurso nesta segunda-feira após a primeira reunião entre os países signatários do TNP na sede da ONU. O órgão espera que Ahmadinejad volte a falar sobre os fins pacíficos do processo de enriquecimento de urânio do Irã.

 

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, que também deve discursar nesta segunda, disse anteriormente que o Irã deve participar da reunião para desviar as atenções sobre as discussões em torno do programa nuclear do país. "Se o Irã disse que está disposto a aceitar os termos do TNP, será uma boa notícia. Mas sinto que não é isso o que eles farão", disse a diplomata americana.

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A conferência de Nova York começa nesta segunda-feira com a presença dos chanceleres e representantes dos 189 países signatários do tratado. A reunião vai até o dia 28 de maio.

 

Tratado de Não-Proliferação Nuclear

 

A revisão do TNP é uma tentativa de estreitar o regime de não-proliferação, baseado em monitoramento dos programas nucleares nacionais, bem como na promoção do desarmamento e no uso pacífico da energia atômica.

 

O Irã já sofreu três rodadas de sanções por se recusar a parar de enriquecer urânio. O país insiste ter apenas fins pacíficos, como a geração de energia, mas países liderados por Washington temem que Teerã busque uma bomba. Agora, os EUA pressionam por uma quarta rodada de sanções ao país no Conselho de Segurança (CS) da ONU.

 

O TNP entrou em vigor em 1970 e desde então Israel, Índia, Paquistão e a Coreia do Norte obtiveram bombas nucleares.

 

Antes, os Estados nucleares eram Grã-Bretanha, China, França, Rússia e EUA, os membros permanentes do CS da ONU.

 

Outro empecilho para os EUA na conferência deve ser o Egito. O país, apoiado por outros não-alinhados, pede uma conferência internacional pela criação de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio.

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A conferência de revisão do TNP de 1995 pediu uma zona desse tipo. As conferências de revisão do tratado ocorrem a cada cinco anos.

 

Israel não faz parte do TNP e acredita-se que o país tenha cerca de 200 bombas atômicas. Os israelenses argumentam que primeiro é preciso haver paz no Oriente Médio, para então a região se tornar livre de armas. Israel não confirma nem nega publicamente possuir um arsenal atômico.

 

O TNP prevê que os Estados nucleares caminhem para o desarmamento, enquanto os outros não produzem uma bomba e recebem em troca energia nuclear para fins pacíficos. Porém algumas nações insistem que esse pacto não funciona.

 

Isso dificulta a universalização do TNP ou mesmo a adoção de um documento final dessa conferência, que deve durar um mês.

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