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Israel alerta para guerra longa em Gaza e combatentes palestinos cruzam fronteira

Conflito já dura três semanas e tem mais de mil mortos

Por NIDAL AL-MUGHRABI E CRIS
Atualização:

Com uma expressão sombria, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu nesta segunda-feira que a guerra na Faixa de Gaza será prolongada, encerrando qualquer esperança de um fim rápido do conflito que já dura três semanas, enquanto combatentes palestinos lançaram um ataque audacioso na fronteira. O Exército israelense disse que cinco de seus soldados morreram em dois incidentes separados, incluindo quatro em um ataque com morteiros. "Tem sido um dia difícil, doloroso", disse Netanyahu em um discurso televisionado à nação. "Precisamos estar preparados para uma campanha prolongada. Vamos continuar a agir com força e discrição até que nossa missão esteja cumprida", afirmou ele, acrescentando que as tropas israelenses não deixarão Gaza até que consigam destruir uma rede de túneis do Hamas.

De acordo com Netanyahu, tropas israelenses não sairão de Gaza até que consigam destruir rede de túneis do Hamas Foto: AFP PHOTO/GIL COHEN-MAGEN

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Nesta segunda-feira, combatentes palestinos vindos da Faixa de Gaza se infiltraram em um vilarejo israelense e travaram uma batalha com soldados, desmoronando uma trégua durante o feriado muçulmano do Eid al-Fitr.

Segundo a televisão israelense, o confronto resultou na morte de cinco militantes, mas o movimento islâmico Hamas diz ter causado a morte de 10 soldados de Israel.

Depois da infiltração em Nahal Oz, numa vila formada por um kibutz, a leste da Cidade de Gaza, o Exército israelense emitiu um alerta para que milhares de palestinos abandonem suas casas no entorno da Cidade de Gaza. Esse tipo de aviso normalmente precede ataques retaliatórios.

Ao cair da noite em Gaza, fachos de luz do Exército iluminaram o céu, e o som de intenso bombardeio podia ser ouvido.

O incidente não foi a única brecha na frágil trégua. Oito crianças palestinas e dois adultos foram mortos em uma explosão num jardim ao norte da Faixa de Gaza.

Moradores culparam os bombardeios de Israel pela explosão no parque, na qual também ficaram feridos 40 pessoas, mas o governo israelense disse que se tratou de um foguete lançado pelo Hamas que errou o alvo e atingiu o jardim num campo de refugiados.

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Poças de sangue se espalhavam no jardim do campo de refugiados, depois de uma das explosões. "Nós saíamos da mesquita quando vimos as crianças brincando com seus brinquedos. Segundos depois, o foguete caiu", disse Munther Al-Derbi, morador do campo. "Que Deus puna... Netanyahu", completou ele.

MAIS DE MIL MORTOS As forças israelenses disseram que só estavam disparando para revidar os projéteis vindos de Gaza, enquanto engenheiros vasculham a fronteira leste do território em busca de túneis por onde se infiltram militantes. Israel e os militantes palestinos em Gaza estão há três semanas envolvidos em confrontos nos quais 1.060 pessoas morreram em Gaza, na maioria civis, atingidos por bombardeios israelenses. Morreram também 48 soldados e três civis de Israel. Os militantes islamitas do Hamas, a força dominante em Gaza, pediram uma pausa nas hostilidades nesta segunda-feira, no 21º dia do conflito com Israel, para a celebração do Eid, que marca o fim do mês do jejum do Ramadã. Inicialmente Israel recusou, tendo abandonado a sua própria oferta de estender uma trégua de 12 horas iniciada no sábado, já que os militantes palestinos continuavam lançando foguetes. No entanto, a calma imperou gradualmente durante a noite, com apenas troca ocasional de fogo, até que uma série de explosões sacudiu Gaza no período da tarde. Em seu discurso na televisão, Netanyahu disse que qualquer solução para a crise teria que incluir o desarmamento do Hamas. "O processo para evitar o armamento da organização terrorista e desmilitarização da Faixa de Gaza deve ser parte de qualquer solução. E a comunidade internacional deve exigir isso vigorosamente", declarou ele. O Hamas disse que suas forças se infiltraram em Israel para retaliar a morte das crianças no acampamento. "Suas ameaças não assustam nem o Hamas nem o povo palestino, e a ocupação (israelense) pagará o preço pelos massacres contra crianças e civis", disse o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, à Reuters. Falando em Nova York, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, lamentou o que ele descreveu como uma falta de vontade de todas as partes envolvidas no conflito. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, visitou a região na semana passada para tentar conter o derramamento de sangue, tendo o contato com o Hamas - o qual os EUA oficialmente não reconhecem - facilitado por Egito, Turquia, Catar e pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, apoiado pelo Ocidente. Israel quer que o Egito, que também tem fronteira com a Faixa de Gaza e vê o Hamas como uma ameaça à sua segurança, assuma a liderança para conter os militantes islâmicos palestinos, preocupado com que o Catar e a Turquia cedam às pressões do Hamas para abrir as fronteiras do território bloqueado. ((Tradução Redação São Paulo; 5511 5644-7731)) REUTERS TR BM

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