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Israel rejeita cessar-fogo, mas aceita trégua humanitária de 12 horas

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Por NIDAL AL-MUGHRABI E CRIS
Atualização:

Israel rejeitou nesta sexta-feira propostas internacionais para um cessar-fogo na sua campanha contra a Faixa de Gaza, mas aceitou uma trégua humanitária de 12 horas a partir da manhã de sábado, afirmaram autoridades de Israel e dos Estados Unidos. Mais cedo nesta sexta-feira, uma autoridade dos EUA afirmou que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse ao secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que Israel iniciará uma trégua de 12 horas em Gaza a partir das 7h locais (1h em Brasília), no sábado. O Estado judeu não comentou o assunto. O porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, afirmou à Reuters que o movimento, em conjunto com todos os grupos militantes na Faixa de Gaza, concordou com o cessar-fogo temporário a partir das 8h locais que, segundo ele, foi mediado pela ONU. Mediadores esperam que um cessar-fogo possa entrar em vigor antes de um festival muçulmano que começa na próxima semana, mas têm enfrentado dificuldades para resolver diferenças aparentemente irreconciliáveis ?entre Hamas e Israel, que travam um combate desde 8 de julho. O Hamas, que quer o fim de um bloqueio a Gaza imposto por Israel e Egito antes de concordar com o fim das hostilidades, ainda tem de responder à proposta de cessar-fogo, que não foi divulgada. Uma autoridade do governo israelense, que não quis ser identificada, disse que o gabinete de segurança do primeiro-ministro de Israel rejeitou o plano de cessar-fogo, porque não permite a Israel continuar interceptando uma rede de túneis clandestinos do Hamas sob a fronteira com Gaza. "A proposta de Kerry se inclina (muito) para as exigências do Hamas", disse a fonte. Com o fracasso da diplomacia, os combates se intensificaram. Autoridades de Gaza disseram que ataques de Israel mataram 55 pessoas nesta sexta-feira, incluindo o chefe de mídia do Jihad Islâmico, aliado do Hamas, e o filho dele. Assim, o número de palestinos mortos em 18 dias já totaliza 844 pessoas, a maioria civis. Militantes dispararam uma saraivada de foguetes de Gaza, o que acionou sirenes em grande parte do sul e do centro de Israel, incluindo no principal aeroporto do país. Não houve feridos, e o sistema Domo de Ferro interceptou muitos dos mísseis. O tumulto em Gaza alimentou as tensões na Cisjordânia ocupada, onde o presidente palestino, Mahmoud Abbas, apoiado pelos Estados Unidos, governa em uma incômoda coordenação com Israel. Médicos disseram que seis palestinos foram mortos em incidentes separados perto das cidades de Nablus e Hebron, incluindo um tiro que, segundo testemunhas, foi disparado aparentemente por um colono judeu. Israel disse que mais três dos seus soldados foram mortos em Gaza nesta sexta-feira, elevando o total de militares mortos para 35, enquanto tropas combatem militantes no norte, leste e sul de Gaza, um pequeno enclave que abriga 1,8 milhão de palestinos. O país também anunciou que um soldado desaparecido depois de uma emboscada em Gaza há seis dias foi definitivamente morto, embora seu corpo não tenha sido recuperado. O Hamas disse no domingo que tinha capturado o homem, mas não divulgou uma fotografia dele. Três civis também foram mortos em Israel por foguetes lançados de Gaza, o tipo de ataque que começou no mês passado em meio à fúria do Hamas com uma repressão aos seus militantes na Cisjordânia, o que levou ao lançamento da ofensiva israelense em 8 de julho. A crescente lista de baixas israelenses só reforçou a determinação do país a prosseguir com esta última campanha contra o Hamas até que o grupo seja enfraquecido significativamente. A urgência de uma trégua foi causada pela morte, na quinta-feira, de 15 pessoas em uma escola da Organização das Nações Unidas onde civis buscam abrigo, no norte da Faixa de Gaza, em um ataque que as autoridades locais atribuíram à artilharia de Israel. Israel disse que suas forças sofreram ataques de guerrilheiros palestinos na área da escola e revidaram fogo, e acusou o Hamas de evitar que qualquer remoção de civis fosse realizada. (Reportagem adicional de Ori Lewis, em Jerusalém; de Noah Browning, em Gaza; de Arshad Mohammed, Yasmine Saleh e Shadia Nasralla, no Cairo)

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