Líbano prende mulher e filha do líder do Estado Islâmico

O Exército do Líbano deteve uma esposa e a filha do líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, quando elas cruzavam a fronteira da Síria nove dias atrás, disseram autoridades de segurança nesta terça-feira, uma medida que se acredita poder pressionar o chefe do grupo radical. A mulher foi identificada como Saja al-Dulaimi, uma iraquiana, por um funcionário de segurança libanês e uma fonte política do alto escalão. O jornal libanês As-Safir relatou que ela foi detida em coordenação com uma “inteligência estrangeira”. Uma fonte de segurança libanesa afirmou que a prisão é “uma carta poderosa para fazer pressão” nas negociações para obter a libertação de 27 membros das forças de segurança do Líbano capturados pelos militantes islâmicos – visão compartilhada por outras autoridades libanesas que confirmaram a detenção. Entretanto, o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, descartou qualquer insinuação de que Washington também pode tentar usar uma tática semelhante para libertar prisioneiros. “Não nos envolvemos neste tipo de negociação. Ponto final”, disse ele em uma coletiva de imprensa em Bruxelas. Uma autoridade de segurança libanesa do primeiro escalão afirmou que a esposa de Baghdadi viajava com uma das filhas do casal, contradizendo relatos anteriores de que era um de seus filhos. Exames de DNA foram realizados para verificar se se trata de um dos filhos de Baghdadi, declarou o funcionário. Elas foram presas no norte do Líbano depois que a esposa de Baghdadi foi encontrada com um passaporte falso, disseram autoridades. Investigadores estavam interrogando-a no Ministério da Defesa libanês. Não houve reação imediata nos sites do Estado Islâmico, embora alguns apoiadores tenham rejeitado o relato. Fawaz Gerges, especialista em Oriente Médio da London School of Economics, disse que a prisão indicou que a coalizão liderada pelos EUA parece ter fontes de inteligência confiáveis na Síria e no Iraque. “Conversei com algumas pessoas que me disseram que foi uma prisão coordenada entre os serviços de inteligência norte-americanos e o Exército do Líbano”, afirmou ele à Reuters. “Se eu fosse Abu Bakr Baghdadi, estaria apreensivo com a possibilidade de eles estarem chegando muito perto”, disse. “Isto é um desdobramento… muito alarmante para o Estado Islâmico, em especial para a liderança”.

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Por SYLVIA WESTALL E LAILA BASSAM
Atualização:

SOLTA E PRESA DE NOVO

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Uma fonte do governo dos EUA disse que Washington não sabe ao certo quão recentemente a mulher esteve com Baghdadi, nem o quanto de informação útil ela pode ter, se tiver alguma.

A embaixada norte-americana no Líbano comunicou: “Esta foi uma operação do governo do Líbano”, sem maiores comentários.

Dulaimi foi uma das 150 mulheres libertadas de uma prisão do governo sírio em março como parte de uma troca de prisioneiros que levou à soltura de 13 freiras capturadas por militantes da Al Qaeda na Síria, de acordo com reportagens da mídia na ocasião.

Baghdadi tem três esposas, duas iraquianas e uma síria, segundo fontes tribais no Iraque.

Um combatente do Estado Islâmico negou que a esposa de Baghdadi foi presa. “Verifiquei com nossos líderes e eles disseram que são notícias falsas”, afirmou ele da Síria.

(Reportagem adicional de Saif Hameed, Mark Hosenball e Lesley Wroughton)

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