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Líbia enfrenta caos depois de Supremo Tribunal rejeitar assembleia eleita

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Por Redação
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O Supremo Tribunal da Líbia declarou nesta quinta-feira que o Parlamento internacionalmente reconhecido é inconstitucional, veredicto que deve aprofundar o caos no país produtor de petróleo. A decisão, que foi rejeitada pela assembleia, veio um dia depois que homens armados invadiram o maior campo de petróleo líbio e interromperam a produção das instalações localizadas no sul remoto da nação norte-africana. A Líbia está mergulhada no tumulto, já que dois governos e parlamentos rivais lutam pelo controle das imensas reservas energéticas líbias três anos após a deposição do autocrata Muammar Gaddafi. Dezenas de grupos armados também se juntaram à discórdia reinante. Potências ocidentais e vizinhos da Líbia temem que o país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) esteja a caminho de uma guerra civil generalizada. Ex-rebeldes que ajudaram a derrubar Gaddafi agora usam suas armas para criar seu próprio feudo. A Líbia está dividida entre o oeste, controlado por combatentes que chamam a si mesmos de Operação Alvorada e que tomaram a capital em agosto, e um resquício de Estado no leste, onde a legislatura e o governo aceitos pela comunidade internacional estão sediados. Em um veredicto televisionado que deve aprofundar as divisões e atrapalhar os esforços de mediação da Organização das Nações Unidas (ONU), o Supremo Tribunal invalidou a eleição da Câmara dos Deputados, que se refugiou na cidade de Tobruk, no leste. A Corte disse que o comitê que elaborou a lei de votação violou a Constituição provisória da Líbia. A eleição de junho resultou em uma assembleia com grande presença de liberais e federalistas, incomodando os islâmicos com laços com a Operação Alvorada, que ocupou Trípoli dois meses atrás. O Supremo Tribunal está sediado em Trípoli, onde a Operação Alvorada reinstalou o Parlamento anterior e o Congresso Nacional Geral, no qual os islâmicos tinham mais força. Os combatentes, vindos sobretudo da cidade de Misrata, no oeste líbio, assumiram o controle dos organismos estatais, pondo em dúvida a capacidade de o tribunal emitir decisões independentes. Centenas de pessoas foram vistas comemorando o veredicto em Trípoli, e o chefe do Congresso Nacional Geral, Nouri Abusahmain, afirmou que a decisão oferece uma chance de diálogo nacional para pôr fim à crise no país. “Nós, Congresso Nacional Geral, pedimos diálogo”, disse ele em um discurso na televisão. “Um diálogo serve à reconciliação nacional, à estabilidade e ao desenvolvimento.” Reagindo à sentença, a Câmara dos Deputados de Tobruk declarou não reconhecer a Corte. “A decisão foi tomada sob ameaça de armas”, declarou o porta-voz da assembleia, Farraj Hashem, em uma entrevista coletiva. Não houve resposta imediata das potências ocidentais e árabes, que reconheceram somente o Parlamento de Tobruk e boicotaram publicamente o primeiro-ministro adversário, Omar al-Hassi, empossado pelos ocupantes do poder em Trípoli. A ONU declarou em um comunicado que está estudando o veredicto, acrescentando haver "uma necessidade urgente de que todas as partes obtenham um consenso sobre os entendimentos políticos". (Por Ulf Laessing, Mustafa Hashem Omar Fahmy, Ahmed Elumami e Ayman al-Warfalli)

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