Manifestantes marcham contra milícias em cidade líbia de Benghazi

Os confrontos em Benghazi e na capital, Trípoli, nas últimas duas semanas têm sido os piores desde a queda de Muammar Gaddafi em 2011

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Entoando frases elogiando o Exército da Líbia e condenando o extremismo, os manifestantes marcharam em Benghazi Foto: Reuters

Duas mil pessoas foram às ruas de Benghazi, no leste da Líbia, nesta sexta-feira para protestar contra militantes islâmicos e ex-milícias rebeldes que combatem as Forças Armadas e que tomaram uma importante base militar na cidade líbia oriental.

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Os confrontos pesados em Benghazi e na capital, Trípoli, nas últimas duas semanas têm sido os piores desde a queda de Muammar Gaddafi em 2011, matando mais de 200 pessoas e forçando a maioria dos governos ocidentais a retirar seus diplomatas do país norte-africano.

Intensos combates entre facções rivais em duas grandes cidades do país também ressaltam o frágil controle da Líbia sobre as brigadas fortemente armadas de ex-combatentes rebeldes anti-Gaddafi e milícias que se recusam a debandar.

O Conselho Shura dos Revolucionários de Benghazi, uma aliança formada por ex-rebeldes e militantes islâmicos da Ansar al-Sharia, que Washington classifica como uma organização terrorista, forçou o Exército a deixar Benghazi.

Entoando frases elogiando o Exército da Líbia e condenando o extremismo, os manifestantes marcharam em Benghazi, cidade onde em 2012 o embaixador dos Estados Unidos e outros três norte-americanos foram mortos em um ataque contra a missão do país supostamente perpetrado por combatentes islâmicos.

"Estamos aqui para dizer que Benghazi não vai se tornar um outro Mossul", disse o médico Seraj Byouk, referindo-se à cidade iraquiana tomada por um grupo dissidente da Al Qaeda.

A batalha em Benghazi tem colocado militantes islâmicos e milícias contra as forças especiais que juntaram fileiras com um ex-oficial do Exército, Khalifa Haftar, que prometeu expulsar os militantes da cidade.

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Enquanto Haftar inicialmente ganhou o apoio de alguns líbios cansados de ataques de militantes e assassinatos, ele não conseguiu ter ganhos significativos. Críticos o consideram um ex-aliado de Gaddafi sedendo de poder.

Não havia sinal do Exército líbio, forças de Haftar ou do Conselho Shura na cidade nesta sexta-feira, e só civis estavam controlando os pontos de checagem e organizando o tráfego, disse um repórter da Reuters.

A principal delegacia da cidade foi destruída por bombas colocadas dentro do prédio na manhã desta sexta-feira. A base das forças especiais estava vazia três dias após ser invadida, e outras partes da cidade estavam calmas.

Os mediadores, incluindo líderes tribais e anciãos, vêm tentando negociar acordos de cessar-fogo separados para conter os confrontos de milícias que transformaram as duas maiores cidades líbias em campos de batalha.

O novo Parlamento eleito da Líbia deve realizar sua primeira sessão sábado na cidade de Tobruk. O primeiro-ministro interino da Líbia, Abdullah al-Thinni, outros ministros e cerca de 100 parlamentares chegaram à cidade oriental nesta sexta-feira.

(Reportagem adicional de Ayman Al-Warfalli)

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