Negociações nucleares com Irã são prolongadas em 7 meses após estouro de prazo

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Por LOUIS CHARBONNEAU E FREDRIK DAHL
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O Irã e as seis potências mundiais que negociam em Viena fracassaram nesta segunda-feira, pela segunda vez neste ano, em resolver uma disputa de 12 anos sobre o programa nuclear de Teerã, e prolongaram em sete meses o prazo para superar um impasse que tem impedido o acordo histórico. Representantes do Ocidente disseram ter como objetivo garantir um entendimento sobre os termos gerais de um acordo final até março, mas que seria preciso mais tempo para se chegar a um consenso acerca de detalhes técnicos. "Fomos obrigados a concluir que não é possível chegar a um acordo no prazo estabelecido para hoje e, por isso, vamos estender a JPOA até 30 de junho de 2015", disse o chanceler britânico, Philip Hammond, a jornalistas após as conversas. Ele se referiu ao chamado Plano de Ação Conjunta (JPOA, na sigla em inglês), um acordo interino firmado entre as seis potências envolvidas e o Irã há um ano, em Genebra, sob o qual Teerã se comprometeu a interromper o enriquecimento de urânio a altos níveis em troca de um alívio limitado de sanções econômicas, incluindo o acesso a receitas de petróleo congeladas no exterior. Hammond disse que a expectativa era que o Irã continuasse a recuar em suas atividades atômicas consideradas sensíveis. Ele acrescentou que o Irã e as potências "fizeram um progresso significativo" na mais recente rodada de negociações, que tiveram início na última terça na capital austríaca. Hammond afirmou haver uma meta clara de se alcançar um "acordo principal" dentro de três meses e que as conversas vão ser retomadas no próximo mês. Não ficou esclarecido onde as conversas no próximo mês iriam ocorrer, disse ele, destacando que durante o período estendido, o Irã vai continuar apto a acessar cerca de 700 milhões de dólares ao mês, de acordo com o alívio das sanções. Uma autoridade iraniana confirmou o prolongamento das sanções, assim como o chanceler russo, Sergei Lavrov, que repetiu os comentários de Hammond acerca de um "progresso substancial". O prazo para um acordo final, estabelecido em julho, quando ambos os lados estouraram um prazo anterior, era nesta segunda-feira. As negociações de Viena têm como objetivo alcançar um acordo que pode transformar o Oriente Médio, abrindo caminho para o fim das sanções econômicas contra o Irã. O custo de um fracasso nas conversas pode ser alto. Os inimigos regionais do Irã, Israel e Arábia Saudita, acompanharam com atenção as negociações em Viena. Ambos temem que um acordo pouco rígido não tenha capacidade de restringir as ambições nucleares de Teerã, enquanto um colapso nas negociações encorajaria o Irã a se tornar um Estado nuclear, algo que Israel costuma afirmar que nunca irá permitir.

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