O candidato de oposição à Presidência do Afeganistão anunciou, neste domingo, que não participará do segundo turno do pleito, marcado para o próximo fim de semana, porque as medidas que havia exigido a fim de evitar fraude não foram adotadas. Ele não chegou, no entanto, a convocar um boicote às urnas.
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"Não participarei da eleição de 7 de novembro", disse Abdullah Abdullah a correligionários, porque "uma eleição transparente não é possível". Ao contrário do que um assessor havia dito no sábado, 31, o candidato não fez um pedido por boicote. "Não estou pedindo isso", disse ele, em resposta a uma pergunta direta sobre o assunto.
Abdullah não fez menção de ter aceitado um cargo num possível futuro governo de unidade nacional com o presidente Hamid Karzai, que segundo os Estados Unidos e parceiros internacionais acreditam ser a melhor opção para o país enfrentar a revolta do Taleban.
O colega de chapa de Abdullah, Homayoun Assefy, disse que cabe à Comissão Eleitoral Independente, um órgão do governo, decidir se o pleito marcado para o próximo sábado vai ou não ocorrer.
O porta-voz da campanha de Karzai, Waheed Omar, disse que é "muito desagradável" que Abdullah tenha decidido não concorrer, mas que o segundo turno deve prosseguir sem ele.
"Acreditamos que a eleição deve prosseguir, o processo tem de se completar, o povo do Afeganistão tem de ter o direito de votar", disse Omar.
Em um discurso emocionado, Abdullah disse que não acredita que uma eleição livre e justa seja possível sem mudanças no comando da comissão eleitoral, que administrou um primeiro turno marcado por fraudes, em 20 de agosto.
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