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Restos de 800 corpos são encontrados em vala comum no Iraque

Por ASEEL KAMI
Atualização:

Foi descoberta no oeste do Iraque uma vala comum contendo os restos de mais de 800 corpos, muitos dos quais se acredita serem de adversários do líder deposto Saddam Hussein, disse na quinta-feira um porta-voz do Ministério dos Direitos Humanos. A cova comum, encontrada no deserto da província de Anbar, no coração da região sunita do Iraque, contém restos mortais de curdos, xiitas, mulheres e crianças e é uma das maiores valas comuns encontradas nos últimos anos, disse Kamil Ameen. "A cova contém restos de pessoas de seitas diferentes. Os relatos iniciais indicam que elas teriam sido adversárias políticas," disse Ameen à Reuters. "O número de corpos contabilizados até agora é 822, mas pode aumentar. Nossos técnicos prevêem que chegue a 900." Valas comuns contendo grande número de corpos têm sido encontradas regularmente no Iraque desde a invasão de 2003 liderada pelos EUA que depôs o ditador sunita Saddam Hussein. Acredita-se que em muitos casos as vítimas sejam curdos, contra os quais Saddam travou campanhas militares nos anos 1980 e 1990, e xiitas, que promoveram um levante em 1991. Ameen disse que acredita-se que a vala comum encontrada seja dos anos 1980, já que foram encontrados ao lado das vítimas um jornal governamental publicado em 1988 e remédios com data de vencimento em 1984. Outros objetos encontrados na cova incluem páginas com orações e imagens do imã Ali, venerado pelos xiitas, além de roupas, pratos, xícaras e colheres. Ameen disse que alguns dos corpos estavam em uniformes militares, alguns em roupas tradicionais curdas e outros em vestimentas civis. Muitos mostravam sinais de terem recebido tiros na cabeça, e alguns dos crânios tinham sido esmagados. A televisão exibiu imagens de equipes do Ministério colocando crânios e ossos em sacos plásticos. Outro funcionário do ministério disse que a vala comum cobre uma área de dois hectares. "Esta questão é semelhante à escavação de sítios arqueológicos. Precisamos tomar cuidado com os restos mortais e os objetos, porque isso pode ajudar a identificar os corpos," disse Ameen. "Ao mesmo tempo, podemos encontrar provas que ajudem a levar os responsáveis a julgamento." Ameen disse que o Ministério foi informado sobre a vala comum há mais de um ano, mas que os trabalhos no local só foram iniciados três meses atrás. Investigadores de direitos humanos iraquianos e norte-americanos disseram em 2003 desconfiar da existência no Iraque de até 260 valas comuns que conteriam os corpos de até 300 mil pessoas mortas durante o governo de Saddam. Em 2003 foi encontrada uma cova comum contendo mais de 3.000 corpos perto da comunidade agrícola de Mahaweel, a 60 quilômetros ao sul de Bagdá.

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