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Sob segurança reforçada, muçulmanos acima de 50 anos retornam a mesquita de Jerusalém

Por LUKE BAKER
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Fiéis muçulmanos com mais de 50 anos voltaram a rezar na mesquita de Al-Aqsa na Cidade Velha de Jerusalém, nesta sexta-feira, um dia após autoridades israelenses terem fechado todo o acesso ao local devido à violência no leste da cidade. O quarteirão muçulmano da Cidade Velha estava calmo na manhã desta sexta, um dia sagrado para os muçulmanos, e a polícia disse que fiéis haviam passado sem incidentes para as rezas antes do amanhecer. No entanto, a segurança estava reforçada antes das orações do meio do dia. A polícia de fronteira de Israel aumentou a presença nas vielas de pedra da Cidade Velha e ao redor dos pontos de acesso dos muçulmanos e portões do complexo de Al-Aqsa, checando as identidades das pessoas.  O presidente palestino, Mahmoud Abbas, descreveu o fechamento de Al-Aqsa como “equivalente a uma declaração de guerra” por Israel.  Seu partido Fatah e o Hamas convocaram um “dia de raiva” em Jerusalém para protestar contra o fechamento do local sagrado, que foi parcialmente reaberto na noite de quinta-feira (horário local). A chuva em Jerusalém, a primeira em semanas, deve desmotivar quaisquer protestos.  Moradores disseram que foi a primeira vez que Al-Aqsa foi fechada para todos os visitantes -muçulmanos, judeus e turistas -desde 2000, quando a segunda Intifada (rebelião palestina) começou. Mas autoridades religiosas jordanianas disseram que foi o primeiro fechamento completo desde 1967.  A polícia de Israel frequentemente limita o acesso a Al-Aqsa a mulheres e homens muçulmanos com mais de 40 ou 50 anos quando está preocupada sobre potenciais confrontos no local. Não estava claro quando a mesquita seria reaberta a todos os fiéis.  “Eu normalmente vou cinco vezes ao dia para rezar, mas a polícia não me deixou entrar hoje”, disse Ahmed Abu Zaaror, de 21 anos, que tem uma barraca de frutas no bairro muçulmano da Cidade Velha. Questionado se estava com raiva da situação, ele disse: “O que posso dizer? Tenho que manter a minha raiva dentro de mim." As tensões cresceram nas ruas do leste de Jerusalém e ao redor de Al-Aqsa nas últimas semanas, após a guerra em Gaza e as medidas de Israel para expandir a construção de colônias em áreas orientais da cidade, as quais os palestinos querem para uma capital de um Estado independente, junto a Gaza e Cisjordânia. Al-Aqsa, chamada pelos judeus de Monte do Templo, é uma questão particularmente sensível. O complexo de 15 hectares abriga a Cúpula de Rocha e a mesquita de Al-Aqsa, de onde Maomé teria ascendido ao céu. É o lugar mais sagrado do islã.  Também é casa de dois antigos templos judaicos, o segundo destruído pelos romanos em 70 d.C., e o local mais sagrado do judaísmo.  Sob as regras de acesso à Al Aqsa, que é administrada por autoridades religiosas da Jordânia, judeus podem entrar no complexo, mas não têm permissão para rezar.  Nos últimos anos, tem havido pressão de ativistas judaicos radicais para que sejam permitidos a rezar no local, uma campanha que aumentou as tensões com a comunidade muçulmana. O líder da campanha, o ativista Yehuda Glick, nascido nos EUA, foi baleado e seriamente ferido nesta semana por um suposto atirador palestino.  A polícia de Israel rastreou o suspeito na bairro palestino de Abu Tor, na Cidade Velha, na quinta-feira, e trocou fogo com ele, matando-o. A ação desencadeou protestos nas ruas e temores entre os habitantes locais de mais um levante palestino.  (Reportagem adicional de Ori Lewis)

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