A revista britânica The Economist destaca, na edição desta quinta-feira, 26, a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil e afirma que giro do líder iraniano é parte da estratégia do país de se "aconchegar" na América Latina. Intitulado "Aiatolás no quintal", em uma referência à posição geográfica dos Estados Unidos com relação aos países latino-americanos, o artigo cita a aproximação de Ahmadinejad com diversos governos da região, como a Venezuela, a Bolívia e o Equador. "As visitas de Ahmadinejad à América Latina o promovem num período em que ele não é bem-vindo em muitos países e enfrenta pressão em casa por conta de sua disputada reeleição", diz a revista. A Economist afirma, no entanto, que o presidente iraniano não havia tido sucesso em conquistar nações maiores como Colômbia, México e Argentina e cita um analista para afirmar que uma visita de Estado ao Brasil "vale dez idas à Venezuela". A revista comenta a receptividade de Lula ao líder iraniano e o apoio do governo brasileiro ao programa nuclear "supostamente", diz a publicação, pacífico. Mas também alerta para os riscos que o Brasil corre ao apoiar o governo polêmico do Irã. Entre os riscos citados pela Economist estariam a ambiguidade em defender a importância da democracia e receber um líder que prende ativistas políticos da oposição. O artigo afirma ainda que o Brasil corre o risco de "ultrapassar a linha no seu desejo de ser visto como um país importante". Nesse sentido, a revista destaca os esforços do país em tentar ajudar a resolver o conflito entre israelenses e palestinos, mas afirma que o Brasil fracassou em mediar crises muito mais simples, como a de Honduras ou a disputa entre Colômbia e Venezuela. Apesar disso, a Economist afirma que é mais proveitoso um governo brasileiro engajado com os problemas mundiais e que os Estados Unidos, apesar de terem ficado silenciosos com a visita de Ahmadinejad ao Brasil, podem enxergar a possibilidade de o Brasil ser um mediador no diálogo com o Irã. "A irritação (dos Estados Unidos) em ver o líder iraniano recebido tão calorosamente no seu quintal pode ser suavizada com o pensamento de que pelo menos agora há um canal de comunicação aberto, via Brasília, com Teerã", diz o artigo.
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