Trégua em Gaza termina com soldado israelense capturado e 50 palestinos mortos

Israel acusou Hamas de ter rompido cessar-fogo logo após ele ter início

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Por NIDAL AL-MUGHRABI E JEFFREY HELLER
Atualização:

Israel anunciou o fim do cessar-fogo em Gaza nesta sexta-feira, dizendo que militantes do Hamas romperam a trégua logo após a entrada em vigor e aparentemente capturaram um soldado israelense e mataram outros dois. Novos bombardeios israelenses mataram mais de 50 palestinos e feriram cerca de 220, relataram autoridades hospitalares. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, convocou uma sessão especial do gabinete de segurança e alertou publicamente o Hamas e outros grupos militantes de que irão “enfrentar as consequências de suas ações”.

Palestinos abandonam suas casas após ataque aéreo israelense Foto: Wissam Nassar/The New York Times

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A trégua de 72 horas anunciada pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, foi a tentativa mais ambiciosa até agora de encerrar mais de três semanas de combates e uma reação ao crescente alarme internacional a respeito do saldo cada vez maior de mortes de palestinos.

Kerry conclamou o Hamas, que nem confirmou nem negou estar com o soldado, a soltá-lo imediata e incondicionalmente. Ele disse ter pedido ao Catar, que é próximo do Hamas, e à Turquia para que ajudem a libertá-lo.

Ban repudiou a suposta violação do cessar-fogo do Hamas e exigiu a libertação do soldado.

O cessar-fogo, que começou às 8h da manhã (2h no horário de Brasília), levou famílias palestinas a retornar às vizinhanças devastadas, onde fileiras de casas foram reduzidas a escombros, e deveria ser seguido por negociações entre israelenses e palestinos no Cairo para buscar uma solução de longo prazo.

Uma autoridade graduada do Ministério das Relações Exteriores egípcio disse que as conversas irão começar no domingo, e que o Cairo “espera que os dois lados cessem a luta antes do início das negociações”.

Os militares israelenses afirmaram que, 90 minutos após a instauração da trégua, militantes atacaram soldados que procuravam túneis no sul da Faixa de Gaza usados para infiltrar combatentes em Israel.

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“Terroristas saíram de um túnel, ou de vários. Pelo menos um era um suicida que se explodiu. Houve troca de tiros”, afirmou o tenente-coronel Peter Lerner, porta-voz do Exército. Dois dos soldados morreram.

“A indicação inicial é de que um soldado foi raptado pelos terroristas durante o incidente", disse ele. Mark Regev, porta-voz de Netanyahu, disse que o Hamas foi responsável pelo ataque.

Indagado se o cessar-fogo terminou, Lerner respondeu “sim, continuamos nossas atividades no local”, e acrescentou que as forças de Israel estão realizando um “grande esforço” para localizar o segundo-tenente Hadar Goldin, de 23 anos.

O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que mais de 50 pessoas morreram e 220 foram feridas pelos bombardeios israelenses após o incidente perto da cidade de Rafah, no sul. Não surgiram relatos de imediato de grupos militantes alegando a captura do soldado.

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Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas, que controla Gaza, disse que Israel está tentando enganar o mundo e “acobertar seu massacre em Rafah”.

Autoridades de Gaza dizem que pelo menos 1.509 palestinos, a maioria civis, foram mortos, e 7 mil ficaram feridos. Sessenta e três soldados israelenses foram mortos e mais de 400 se feriram. Três civis foram mortos por foguetes palestinos em Israel.

O Hamas, isolado em um mundo árabe preocupado com o crescimento da militância islâmica, almeja o fim do bloqueio israelense a Gaza, e que o hoje hostil governo do Egito suavize as restrições em seu posto de travessia em Rafah, impostas depois que os militares depuseram o presidente islâmico Mohamed Mursi em julho passado.

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(Reportagem adicional de Ari Rabinovitch e David Brunnstrom, em Nova Délhi; Lesley Wroughton, em Washington; Michelle Nichols, na Organização das Nações Unidas; e Omar Fahmy, no Cairo)

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