A urbanização da pobreza

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Por adrianacarranca
Atualização:

"As cidades mundiais são, simultaneamente, lugares de grande progresso e profunda privação. As áreas rurais sempre foram a mais conhecida face da pobreza. Mas, a pobreza urbana pode ser, simplesmente, tão intensa, desumana e ameaçadora para a vida" - Kofi Annan, Secretário-Geral das Nações Unidas entre 1997 e 2007

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Megacidades, segundo número da revista Grandes Reportagens que circula hoje com o Estado e da qual eu tive a oportunidade de participar traz um fenômeno preocupante que acompanha o surgimento de novas megalópoles mundiais: a urbanização da pobreza.

Pela primeira vez na história, vivemos em um mundo predominantemente urbano, com mais de 50% da população do planeta vivendo em cidades. Embora sejam grandes centros de produção de riqueza e cultura, as megalópoles crescem, cada vez mais, no chamado terceiro-mundo. Entre a população urbana da África, 72% vivem em favelas. Na Ásia, a proporção de pobres é menor, mas ultrapasa o continente africano em números absolutos.

Como mostra Megacidades, a região metropolitana de Mumbai, maior cidade da Índia, que tem favelas tão imensas quanto Dharavi, com 1 milhão de habitantes, ultrapassou a de São Paulo em população e já ocupa a quarta posição no ranking das maiores cidades do mundo, atrás de Tóquio, Nova York e Cidade do México. Em 2025,apenas Tóquio manterá a posição de maior metrópole do mundo. Será seguida por Mumbai, Nova Déli (Índia), onde um em cada quatro habitantes vive em favelas, e Daca (Bangladesh), com 3,4 milhões de pessoas vivendo sem infra-estrutura em 4.966 precários e irregulares assentamentos.

Outro exemplo, trazido pela revista, é Lagos, na Nigéria, onde 70% da população vive abaixo da linha da pobreza, saltará da 22ª posição para a 12ª no ranking das maiores cidades.

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UM BILHÃO DE PESSOAS VIVEM EM FAVELAS Hoje, segundo a ONU, 1 bilhão de pessoas residem em favelas em todo o mundo - 1 em cada 3 moradores de cidades -, 90% delas nos países em desenvolvimento. A urbanização nesses países virou sinônimo de favelização. E a tendência é de alta: a cada ano, essas áreas recebem 27 milhões de habitantes. Isso significa que, quando for cumprida a meta do Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, de melhorar a qualidade de vida de 100 milhões de favelados até 2015, o mundo terá mais 243 milhões de pessoas morando em aglomerações precárias.

Os dados são de um estudo feito pelo escritório para coordenação de assuntos humanitários (OCHA) e a agência para habitação (UN-Habitat), ambos das Nações Unidas, no fim de 2007, em que antecipavam o fenômeno da pobreza urbana. Foi publicado pela agência IRIN e está disponível para downloud.

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