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Do front da luta pela sobrevivência: Bangladesh e a retrospectiva das tragédias esquecidas

Um dos maiores e mais frequentes pecados do jornalismo é condenar ao esquecimento as tragédias do passado ou aquelas que se tornam crônicas e, por isso, passam a ser notícia velha. Quando um desastre acontece ou um novo conflito se inicia a imprensa mundial corre para o local dos fatos, relata o presente, aponta culpados, conta os mortos, e com a mesma velocidade migra para um novo desastre, o mais recente conflito. É da natureza do noticiário diário. Mas, assim, perde-se uma importante parte da história, a da continuidade da vida pelos sobreviventes, e muitas vezes deixa-se e cobrar as promessas feitas a eles no calor dos acontecimentos.

Por adrianacarranca
Atualização:

Isso torna ainda mais relevante o trabalho do fotógrafo chileno Tomás Munita, que costuma revisitar tragédias como a guerra no Afeganistão, os conflitos na Caxemira, a violência das gangues de Honduras e El Salvador. Dessa vez, ele voltou ao palco de uma das maiores tragédias da história agora enterrada no passado 2013: o distrito de Savar, em Bangladesh, onde aconteceu em abril o colapso do Rana Plaza, prédio que abrigava fabriquetas do setor de vestuário e trabalhadores quase escravizados. A tragédia deixou 1.129 mortos, comoveu o mundo, provocou indignação, evidenciou a omissão dos países importadores sobre as condições subumanas no setor para garantir preços mais baixos e competitividade no comércio internacional. Houve discursos inflamados e promessas. Oito meses depois, pouco ou quase nada mudou, como mostra o trabalho de Munita.

As fotos de Munita foram publicadas no New York Times.

 

A tragédia de Bangladesh também está retratada entre as dez fotos mais emblemáticas do ano, pela revista Time.

Que em 2014 o drama registrado em imagens como esta não sejam lembrados apenas nas retrospectivas.

Assim me despeço de 2013. Um ano melhor para todos em 2014!

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Às sextas, o blog dedica seu espaço para a fotografia de guerra, sejam os confrontos armados ou as batalhas cotidianas pela vida.

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