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Injustificável violência

Por adrianacarranca
Atualização:

Na semana passada, tivemos dois episódios emblemáticos de violência contra a mulher. Na segunda-feira, o jovem Gilmar, de 23 anos, matou a namorada, Evellyn, de 18, após mantê-la como refém algemada a ele por 12 horas na farmácia onde ela trabalhava, em Praia Grande. Em seguida, se matou. Na quarta, veio à tona o caso de L., de 15 anos, presa em cela com 20 homens adultos em Abaetuba, no Pará. Duas tragédias.

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A matéria que publiquei no Estado foi criticada, em carta, por uma socióloga, segundo a qual eu estaria "justificando" a morte de Evellyn, por fazer um relato do ponto de vista do assassino. Pelo contrário. Primeiro, entender a mente do criminoso ajuda a compreender o crime. Segundo, o perfil de Gilmar, como me fora relatado por vizinhos, amigos e familiares de ambos - um jovem comum, trabalhador, torcedor do São Paulo, que gostava de pescar e parecia tranqüilo - foi para mim uma surpresa e mostrá-lo, além de ser obrigação, coloca em cheque o mito de que o crime passional é cometido exclusivamente por homens com histórico de violência.

Além de não ser verdade neste caso e de, ainda que fosse, não justificar o injustificável, muitas vezes essa versão coloca sobre a vítima o peso de não ter se livrado antes do algoz. Isso sim, seria uma visão machista.

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