Muito dinheiro por nada

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Por adrianacarranca
Atualização:

Em algum lugar do Brasil está sobrando dinheiro. Mais precisamente, nos cofres do governo federal, como nos mostra o artigo do colunista Alberto Tamer (para assinantes), publicado no Estadão de quinta-feira.

"Nunca estivemos tão bem", revela o colunista, diante dos superávits recordes dos governos de R$ 71,6 bilhões, no primeiro semestre. Um dinheiro que é seu, meu, de todos nós e que deveria ser devolvido em forma de serviços.

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Enquanto isso, em algum outro lugar do Brasil, continua faltando comida. Mais precisamente, em Dourados, no Mato Grosso do Sul, onde uma menina de 2 anos morreu de desnutrição. Segundo os caciques das tribos, há três meses as famílias não recebem a cesta básica prometida pelo governo federal (aquele mesmo, que está com dinheiro sobrando).

Os índios da Reserva Indígena de Dourados, onde mais de duas dezenas de crianças morreram de subnutrição em 2005 e que voltou às manchetes na quarta-feira após protestos de caciques sob gritos de "abaixo a fome", dependem de cestas básicas porque não têm onde plantar. São 12 mil pessoas aglomeradas em 3.600 hectares.

A reserva é da década de 1930 e com a explosão demográfica tanto na tribo, quanto na cidade, hoje com 150 mil habitantes, tornou-se um favelão.

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Esta blogueira entrou em contato com a Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre o problema em Dourados. Foi informada de que a saúde dos índios não é atribuição sua, mas da Funasa. Já a Funasa diz que o problema em Dourados não é de saúde, mas social. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) diz que seu foco não são os indígenas, mas as populações vulneráveis, e afirma estar cumprindo seu papel ao liberar as cestas básicas, que os caciques garantem não estar chegando às aldeias.

E os índios seguem chupando cana - literalmente, a principal fonte de energia nas tribos - enquanto se decide de quem é, afinal, o "problema".

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