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Todos pelo Haiti

Eduardo Munoz/Reuters

Por adrianacarranca
Atualização:

Acabo de conversar longamente com um grande amigo que mora na República Dominicana, na lado espanhol da mesma ilha onde está o Haiti, o lado francês. Ele se dizia emocionado com toda a mobilização em torno de Porto Príncipe para levar ajuda aos "hermanos". Parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho atravessam a fronteira para oferecer ajuda. Seu pai sairia às 4h com um grupo de médicos para levar assistência a quem não consegue chegar até os já superlotados hospitais dominicanos. Ele mesmo já foi a Porto Príncipe três vezes, desde o terremoto.

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Em uma dessas vezes, ficou surpreendido ao ver o filho do maior magnata dominicano entre os voluntários, em Jimani, na fronteira com o Haiti, onde foi montado um centro para organizar a ajuda e por onde entram os milhares de refugiados. "Há muita gente ordinária fazendo coisas extraordinárias. Você nem imagina. Chega a ser possível ver alguma benção por trás dessa tragédia toda", disse.

É verdade que organizar a ajuda é tão importante quanto a ajuda em si, e ela tem sido frustrada no caso do Haiti. Mas, nas grandes crises humanitárias é essa a maior dificuldade. E os burocratas fazem reuniões infindáveis enquanto o povo se vira como pode para que a ajuda chegue de qualquer forma, a despeito de quem está no comando. Um grupo de jesuítas dominicanos, contou esse amigo, atravessou a fronteira em um caminhão emprestado e lotado de água e comida. Sem precisar de segurança, organizaram cinco pontos de distribuição.

Faltam carros para levar os alimentos a quem não pode andar, aos feridos, órfãos... Faltam geradores de energia, porque ainda falta luz, faltam refrigeradores para manter conservada a comida e os remédios, falta teto e chão para descansar o corpo e o espírito. Falta tudo. Mas, há ajuda. E ela tem de chegar, seja como for. É só o que importa agora.

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