A perícia começou a ser realizada ontem mesmo e vai se concentrar em estudar as amostras retiradas do fêmur, onde a chance de preservação do DNA é maior. Os dois corpos, porém, não chegaram a Paris. Eles estão na câmara fria do navio Ile de Sein, que ancorará em Dacar, no Senegal, dia 20. "Os corpos continuam no barco. O que temos em Paris são amostras que foram colhidas por um médico legista e que foram trazidas. Elas chegaram nesta manhã no laboratório privado que vai proceder a análise DNA", explicou François Daoust, diretor do IRCGN.
Caso o exame conclua que será possível identificar as vítimas, a campanha de resgate de corpos será retomada pela nova equipe que partirá em expedição no Ile de Sein em junho.
Ontem, a Justiça da França voltou a reforçar o teor da nota divulgada há dois dias, na qual ficou estabelecido que apenas corpos que estejam menos "alterados" pelo acidente serão resgatados e entregues às famílias.
"A Justiça não ficará insensível às dores das famílias", garantiu Jean Quintard, procurador-adjunto do Tribunal de Grande Instância de Paris, onde tramita o processo por "homicídio involuntário" contra a Air France, proprietária do avião acidentado, e a Airbus, fabricante do aparelho. O que move a definição sobre resgatar ou não um corpo são os exames de DNA, diz o procurador. "É possível identificar a vítima? Se não for, não há sentido em resgatá-las", ponderou.
De acordo com Quintard, os corpos não são essenciais ao processo judiciário, porque com o resgate das primeiras 50 vítimas, logo após o acidente, há dois anos, já foi possível estabelecer a causa mortis. "Todas as pessoas que estavam no voo morreram da mesma forma", garantiu o procurador.