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Diz-me com quem andas, François Hollande

Por andreinetto
Atualização:

Uma das acusações recorrentes contra François Hollande é de que ele não deveria ter sido candidato à presidência pelo Partido Socialista (PS). É sempre um exercício de imaginação, e nada além disso, prever "o que poderia ter acontecido se...", mas é fato que o ungido natural dos militantes do PS em outubro de 2011 deveria ter sido o ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, então favoritíssimo das pesquisas para bater Nicolas Sarkozy.

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Talvez por sorte do partido e do eleitor francês, Hollande decidiu afrontá-lo. Strauss-Kahn, afinal, não estava no seu panteão de políticos admiráveis, gente com noção da imensa responsabilidade perante o público que deve ter quem almeja governar uma potência como a França. DSK, acusado de crimes sexuais nos Estados Unidos e na França, não tem essa noção.

Os inspiradores de Hollande, segundo ele próprio, são Barack Obama, Nelson Mandela e... Luiz Inácio Lula da Silva. A confissão foi feita pelo candidato socialista no início do mês, em entrevista à revista semanal francesa Paris Match. O americano é escolhido "pelo símbolo excepcional que ele representa", o sul-africano "por sua coragem" e o brasileiro "por ter se mantido fiel a si mesmo, fiel a seus valores, a seu combate sindical e por fazer do Brasil um dos países mais dinâmicos do mundo".

Hollande cita ainda duas personalidades da política europeia, o ex-chanceler da Alemanha Helmut Kohl e o ex-presidente da França François Mitterrand - cujos passos ele tenta seguir agora, em direção ao Palácio do Eliseu.

Mas, mais do que os nomes escolhidos, talvez o mais relevante dessas "inspirações" seja a revelação da "escola de pensamento" político de Hollande. Embora sua campanha seja muito inspirada pelo discurso de esquerda, não espere de alguém que aprecia Obama, Mandela, Lula, Kohl e Mitterrand nenhum tipo de radicalismo, de afronta à propriedade privada, de virada extremista na França. Hollande representa o Partido Socialista, é verdade, mas é um social-democrata moderadíssimo e que preza a economia de mercado.

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Tanto melhor para a França, que precisa de reformas, não de revolução.

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