arielpalacios
13 de novembro de 2011 | 01h27
Berlusconi, Silvio, dá escaneada em mulher que passa na recente reunião do G-20 na Itália. Desde a tarde deste sábado Berlusconi é “ex-primeiro-ministro” italiano.
“nfundá la mandolina” é um tango de 1930 Francisco Pracánico com letra de José Zubiria Mansilla, imortalizado por Carlos Gardel.
O título irônico – “Coloca o bandolim dentro da capa” – equivale a “se aposenta, meu” ou “desista disso”.
A letra é uma ironia com um homem que costumava dar uma de Don Juan apesar da idade. Gardel recomenda que ele “guarde a viola”, ou neste caso, que guarde mesmo o bandolim – que se aposente e deixe de incomodar – e que deixe as moças para os jovens.
Um trecho, especificamente, diz “O que você quer, Cipriano, já não rendem mais tuas cinqüenta primaveras que você carrega nas costas; junto com o cabelo que foi embora do cocoruto, já foi embora o charme que não volta mais… deixa as garotas para os rapazes; esses pratos fortes não são para você… Escapa do orvalho, e vai pra cama, pois, depois, amanhã, você anda com tosse… cóf-cóf” (evidentemente, as 50 primaveras citadas na letra são os pesados 50 anos da década de 1930, quando as pessoas morriam mais cedo. O Il Cavaliere está com 75, com várias cirurgias plásticas e muita tintura capilar).
Esse tango, com Gardel, aqui.
O mesmo tango com Julio Sosa, aqui.
E a letra:
Sosegate que ya es tiempo
de archivar las ilusiones,
dedicate a balconearla,
que pa’ vos ya se acabo,
y es muy triste eso de verte
esperando a la fulana
con la pinta de un Mateo
desalquilao y triston.
No hay que hacerle, ya estas viejo,
se acabaron los programas,
y haces gracias con tus locos
berretines de gavion;
ni te miran las muchachas,
y, si alguna te da labia,
es pa’ pedirte un consejo
de baquiano en el amor.
Que queres, Cipriano,
ya no dan más jugo
los cincuenta abriles
que encima llevas;
junto con el pelo
que fugo del mate
se te fue la pinta
que no vuelve mas.
Deja las pebetas
para los muchachos;
esos platos fuertes
no son para vos.
Pianta del sereno
y andate a la cama
que, después mañana,
andas con la tos.
Enfunda la mandolina,
ya no estas pa’ serenatas!
te aconseja la chiruza
que tenes en el bulin,
dibujandose en la boca
la atrevida cruz pagana
con la punta perfumada
de su lapiz de carmin.
Han caido tus acciones
en la rueda de grisetas
y a compas del almanaque
se deshoja tu ilusion,
y ya todo te convida
a ganar cuartel de invierno,
junto al fuego de tus recuerdos
en la sombra de un rincon.
Picasso, Pablo, e seu quadro “Bandolim, prato de frutas e braço”, de 1925.
ITÁLIA E ARGENTINA: O interesse pelos escândalos de Berlusconi sempre foi grande na Argentina, já que existe uma imensa comunidade italiana no país, além do fato de que metade dos eleitores italianos residentes na América Latina moram neste país. De quebra, vários parlamentares em Roma nasceram na Argentina.
Além disso, dezenas de milhares de argentinos migraram para a Itália durante as várias crises que o país sofreu nos últimos 20 anos… e agora, com o colapso da economia italiana, muitos estão voltando para a Argentina.
Proporcionalmente, embora não em números absolutos, a Argentina é o país mais italianizado das Américas, já que 52% dos argentinos – isto é, 25 milhões – são descendentes completos ou parcialmente de imigrantes provenientes da península mediterrânea.
O próprio nome de Buenos Aires vem da “Madonna de Bonaria”, de Cagliari, na italiana ilha da Sardenha, cuja imagem foi levada por marinheiros espanhóis para o rio da Prata.
E não é à toa que o mais famoso ditado sobre os habitantes deste país indica que “o argentino é um italiano que fala espanhol e pensa que é inglês”.
Um sinal da italianidade profunda da Argentina? É só ver a lista de integrantes da seleção argentina de futebol parece que é a escalação da Scuadra Azzurra.
E dos 10 maiores goleadores da História argentina, 7 tem sobrenome italiano: Batistuta, Maradona, Passarella, Masantonio, Sanfilippo, Messi e Pontoni.
O próprio sotaque portenho – e a gíria – é diferente ao resto da América Latina por causa da influência italiana. O sotaque portenho é denominado de “canyengue”, uma referência ao sotaque de Gênova.
Algumas principais figuras do tango em Buenos Aires: Firpo, Grecco, Canaro, Cadicamo, Manzi, Stampone, e Piazzolla.
Em 1910 o Parlamento argentino, tendo em vista o peso descomunal dos imigrantes italianos no país, até avaliou um projeto de lei para tornar a Argentina um país bilingue castelhano-italiano.
Foto completa de Berlusconi escaneando a presidente Cristina Kirchner. Poucas semanas antes Berlusconi havia dado umas olhadas radiográficas na líder teutônica Angela Merkel.
SEXO BERLUSCONIANO-ROSARINO – E, como o sobrenome Berlusconi praticamente transformou-se em sinônimo de noitadas de sexo desenfreado, empresários da noite de Rosário, a terceira maior cidade da Argentina, batizaram um bordel de luxo – apresentado formalmente como um “night club” – com o nome “Palácio Berlusconi”, em pleno centro rosarino.
O lugar conta com mulheres belíssimas, espetáculos eróticos e garotas de programa.
Os donos, que se auto-definem como “empreendedores noturnos” declaram admiração pelo primeiro-ministro italiano, que aos 75 anos, ainda é capaz de proezas no leito.
Segundo Juan Cabrera, um dos criadores do Palácio Berlusconi, muitos dos habituès do estabelecimento gostariam de ser como Berlusconi.
Os freqüentadores do Palácio Berlusconi são grandes empresários, jogadores de futebol e donos das grandes fortunas da região.
Mas, associações italianas não gostaram que um bordel de luxo ostentasse o nome do primeiro-ministro da República e reclamaram, afirmando que trata-se de uma “ofensa”, já que tratava-se um lugar de “moral duvidosa”.
As autoridades responderam que o estabelecimento em Rosário não exibe o nome do primeiro-ministro no cartaz na rua. No entanto, um imenso estandarte com a letra “B” de Berlusconi é bem evidente na porta do lugar…
Nada que ver com Berlusconi, o sempre cavalheiro – e discreto – Carlos Gardel. E, é bom lembrar do tango “Corrientes y Esmeralda” que diz “cualquier cacatúa sueña con la pinta de Carlos Gardel”. Aqui.
“Cacatúa”, em lunfardo, é uma “pessoa insignificante”.
PERFIL: Ariel Palacios fez o Master de Jornalismo do jornal El País (Madri) em 1993. Desde 1995 é o correspondente de O Estado de S.Paulo em Buenos Aires. Além da Argentina, também cobre o Uruguai, Paraguai e Chile. Ele foi correspondente da rádio CBN (1996-1997) e da rádio Eldorado (1997-2005). Ariel também é correspondente do canal de notícias Globo News desde 1996.
Em 2009 “Os Hermanos“ recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).
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