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Os Hermanos

A mística Carrió e a cruzada ética (perfis dos presidenciáveis da oposição argentina, parte 1)

Por arielpalacios
Atualização:

"Lilita" para os amigos; "La Gorda" segundo seus críticos; e "periférica e provinciana" segundo a própria líder da Coalizão Cívica. Caricatura de El Niño Rodríguez. Site do cartunista: http://www.elninorodriguez.com/

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Seus inimigos, ex-colegas e atuais correligionários reconhecem que possui um temperamento político "apaixonado", "retumbante" e "genial". Mas, também afirmam que freqüentemente é "precipitada" e "intempestiva", além de mudar de planos constantemente. Os críticos também a acusam de ser "apocalíptica", já que constantemente alerta para cenários políticos caóticos.

Carrió nasceu em 1956 na cidade de Resistencia, capital da província do Chaco, no norte do país. Na juventude, graças à sua longilínea figura, foi Miss provincial. Casou-se aos 17 anos e foi mãe pouco depois. Tudo indicava que Elisa Carrió seria uma esposa dócil, tal como milhares no machista norte da Argentina. Mas o destino lhe reservava uma guinada.

Em 1994, seu pai, um caudilho local da União Cívica Radical (UCR), estava doente. Ele pediu à filha que participasse em seu lugar da Constituinte de 1994, que reformaria Carta Magna.

Desta forma, "Lilita", como era chamada carinhosamente pelos parentes e amigos, largou advocacia e - apadrinhada pelo pai e o ex-presidente Raúl Alfonsín, entrou na política. Esta atividade coincidiu com um aumento exponencial de peso que lhe valeu o apelido de "La Gorda" (A Gorda), utilizado tanto pelos fãs como seus críticos.

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"Gorda, provinciana, marginal e periférica". Normalmente esta seqüência de adjetivos seria proferida por alguém contra um inimigo. No entanto, é a auto-definição que Carrió orgulhosamente ostenta.

Esta robusta parlamentar chacoalhou a política argentina ao denunciar casos de corrupção dos governos dos ex-presidentes Carlos Menem, Fernando De la Rúa e Néstor Kirchner. Além disso - algo insólito neste país - levou as investigações até o final, apesar da oposições dos governos de plantão e de parte da oposição que poderia ser envolvida nos escândalos.

No ano 2000 deixou a UCR e fundou seu próprio partido, o Alternativa por uma República Igualitária (ARI). Depois deixou o partido e criou a Coalizão Cívica, uma união de tecnocratas, políticos e intelectuais que pretendem realizar uma "limpeza ética" da República. Carrió afirma que a Argentina é governada por máfias.

Em 2003 foi candidata presidencial. Nas urnas ficou em quinto lugar, com 14,05% dos votos.

Em 2007, ano da vitória de Cristina Kirchner nas eleições presidenciais, Carrió ficou em segundo lugar, com 23,04% dos votos.

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Nas eleições parlamentares de 2009 Carrió formou uma coalizão com a UCR e o Partido Socialista, o Acordo Cívico e Social, que transformou-se na força política mais votada do país. No entanto, em 2010 a própria 'Lilita' deixou essa aliança, levando consigo parte de seu partido.

Carrió não esconde seu fervor religioso. Vai à missa diariamente em qualquer parte do mundo em que estiver. Sua casa está cheia de imagens da Virgem Maria. Os analistas afirmam que ela se considera destinada à gesta de limpar a Argentina da corrupção endêmica. São freqüentes as comparações com Joana D'Arc ou a mística freira Juana Inés de la Cruz.

Alternando gíria com elaboradas análises sociológicas, esta leitora de Soren Kierkgaard e Sigmund Freud costuma deixar boquiabertos jornalistas e parlamentares com analogias filosóficas e psicanalíticas sobre a política nativa. 

Søren Kierkegaard, filósofo preferido da presidenciável argentina. Esboço feito em 1840 por Niels Christian Kierkegaard.

CRUZ - Profundamente religiosa, carrega no peito uma anabolizada cruz da Santíssima Trinidade e vai à missa todo dia.

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EX-SARTRIANA - "Fui sartriana. Mas agora sou mais para o lado de Kierkgaard...Nunca gostei do poder".

PREÇOS - "Há preços que nunca vou pagar. Um deles é ter aparato". 

 

Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).

 
 

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