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Os Hermanos

Equador e o "case" Velasco Ibarra: cinco vezes eleito presidente, só completou um mandato

 

Por arielpalacios
Atualização:

 Na foto acima, Velasco Ibarra, símbolo da instabilidade institucional que assolou o Equador na maior parte de sua História. Velasco Ibarra foi eleito cinco vezes presidente da República. Mas só completou um único mandato. O atual presidente equatoriano, Rafael Correa - que define-se como "cristão de esquerda" - neste domingo disputa sua segunda reeleição presidencial. As pesquisas indicam que ele vencerá com ampla margem de votos a atomizada oposição e obterá seu terceiro mandato. Correa protagoniza o período de estadia no poder mais longo do último século e meio, algo raro na História equatoriana, marcada pelos mandatos interrompidos.

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Ao longo dos últimos 17 anos o Equador teve oito presidentes. Desses, vários foram derrubados pelo Parlamento (um dos casos, o de Abdalá Bucaram, destituído por insanidade mental), diversos caíram por rebeliões populares ou por um mix destas em conjunto com apoio militar. Outros foram apenas presidentes interinos entre uma crise política e outra.

O presidente Rafael Correa, que autodefine-se como um "cristão de esquerda", eleito em 2007, modificou a Constituição Nacional e encerrou seu primeiro mandato em 2009 ao realizar uma nova eleição presidencial. Na ocasião foi eleito para um mandato de quatro anos, que encerra-se agora. Neste domingo os equatorianos comparecem novamente perante as urnas.

Veintemilla, o presidente que mais tempo durou sentado na cadeira do Palácio Carondelet, na conturbada História do Equador. Correa - o presidente que mais tempo permaneceu de forma ininterrupta no século XXI - está a ponto de superar a marca

Junto com a Argentina, o Equador é o país da América do Sul que teve mais presidentes que não conseguiram completar seus mandatos desde a volta da democracia na região nos anos 80.

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Correa, que tenta hoje emplacar nas urnas a aprovação para seu terceiro mandato, é o presidente da História de seu país com o mandato ininterrupto mais longo do Equador nos séculos XX e XXI.

O presidente equatoriano que durou mais tempo no poder foi o militar Ignácio de Veintemilla, que presidiu o Equador por sete anos no final do século XIX.

"Se me derem uma sacada em cada cidade, serei presidente", dizia Velasco Ibarra, cinco vezes presidente, que apostava em seu carisma e oratória para vencer qualquer eleição.

SUCESSO E FRACASSO - Um dos casos mais emblemáticos que ilustra as turbulências políticas do Equador é José Maria Velasco Ibarra (1893-1979), que poderia ser definido como o político de maior sucesso da História de seu país, já que foi o único que conseguiu a marca de ser eleito cinco vezes.

Formado em universidades em Quito e em Paris, foi considerado um dos maiores oradores de seu país, além de ser indicado como o responsável direto da eliminação dos vestígios da economia colonial que ainda predominava no início do século vinte.

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Nenhum outro presidente o superou na construção de rodovias ou escolas. Além disso, foi a figura dominante do cenário político durante quatro décadas.

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No entanto, Velasco Ibarra também poderia ser classificado como um dos políticos com maior nível de fracasso na História do Equador e de toda a América Latina por não ter conseguido concluir quatro de seus cinco mandatos. Eleito pela primeira vez em 1934 em meio à crise econômica mundial, chegou ao poder com respaldo dos conservadores. Mas, logo afastou-se desses grupos para deslanchar um programa de reforma agrária. Em 1935 foi derrubado por um golpe militar.

Velasco Ibarra foi eleito cinco vezes mas só completou um mandato

Em 1944 foi eleito novamente. Mas, durou menos de três anos no poder. Foi removido pelos militares e teve que partir para o exílio. Ao voltar ao país em 1952 foi eleito para o único mandato (o terceiro) que completou graças à prosperidade que o país desfrutou na época pelo boom da produção de bananas.

Em 1960 foi eleito novamente. Mas durou apenas duas semanas no poder. Desta vez foi destituído pelo Parlamento. Em 1968 foi eleito para seu quinto e último mandato. Influenciado pela Revolução Cubana, pregou o "esmagamento da oligarquia". Foi derrubado pelos militares na terça-feira de carnaval de 1972, cinco meses antes de terminar seu mandato. Um tom tragicômico encerrou seu derradeiro governo quando a população batizou o golpe de "El Carnavalazo" (O Carnavalaço). por transcorrer durante a terça-feira de Carnaval.

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Em 1977, dois anos antes de morrer, seus aliados o procuraram em Buenos Aires para que retornasse do exílio e comandasse o "sexto velasquismo". Velasco Ibarra, aos 84 anos, declinou: "renuncio à essa vaidade...".

E falando nos mandatos não concluídos de Velasco Ibarra, de nosso querido Franz Schubert, a Sinfonia Número 8, a "Inconclusa". Rege Herbert von Karajan:

 

Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).

 
 

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