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Os Hermanos

Freud espera sua 'calle' portenha

Por arielpalacios
Atualização:

Sigmund 'Sigi' Schlomo Freud, ícone popular - pelo menos para amplos setores da classe média e a elite portenha - poderia ter seu nome afixado em um trecho da atual rua Medrano. Um grupo de moradores do bairro, psicanalistas e psicanalisados tentam há dois anos que a Assembleia Legislativa da Capital Federal mude o nome de apenas um quarteirão da rua Medrano para "Sigmund Freud".

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Esse trecho da 'calle' Medrano tem elevado simbolismo, já que em uma das esquinas está o tradicional bar "Sigi", ponto de encontro dos analisados do bairro. Na outra esquina, uma loja de roupa que ostenta o nome de "Narciso", figura mitológica e nome de um dos complexos freudianos.

Se os moradores do bairro vencerem a rua Sigmund Freud ficará na área do bairro de Palermo que é ironicamente denominada de "Palermo Sensível". Mais especificamente, o trecho da rua que ostentaria o nome do pai da psicanálise está na frente da Praça Güemes, informalmente chamada "Praça Freud". Os quarteirões vizinhos são denominados de "Villa Freud".

Villa Freud, embora não integre a cartografia oficial, possui fronteiras definidas. Seu epicentro é a praça Güemes (ou Praça Freud). Mas a divisa do bairro é feita pelas ruas Mansilla, Soler, Bulnes e Julián Álvarez.

Com ironia, os vizinhos comentam que Freud teria tido dois potenciais pacientes nas esquinas, já a rua transversal homenageia Lucio V. Mansilla, um famoso dândi narcisista argentino do século XIX que participou de massacres de índios (mas ao mesmo tempo, intelectual e excelente escritor, de saborosa prosa), enquanto que a praça defronte, refere-se ao notório Martín Güemes, um megalômano caudilho do norte do país (e também um herói - real - da independência argentina), que deleitava-se no design próprio de seus uniformes (aliás, uniformes de excelente corte!).

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Há dois anos, quando respaldou a ideia de 'freudianizar' a rua Medrano, o deputado estadual Alejandro Rabinovich, do partido de centro-esquerda Argentinos por uma República de Iguais (ARI) destacou que este era um raro caso de batizar uma rua com o nome de uma pessoa que não causa antagonismos na Argentina (é frequente neste país que setores da sociedade discutam - como se fosse uma questão de vida ou morte - com outros setores o nome de uma rua...assunto que veremos em uma postagem em breve).

FREUD CITY A presença da psicanálise e da psicologia entre os portenhos é significativa, se comparada com os países da região. Existe um psicólogo a cada 649 argentinos, número que torna a Argentina no país com maior número desses profissionais em todo o continente americano.

O segundo colocado está do outro lado do rio da Prata, o Uruguai, com um psicólogo a cada 900 habitantes. O Brasil teria um psicólogo a cada 1.154 pessoas.

Segundo dados da Universidade de Buenos Aires (UBA), existem na Argentina 46.800 psicólogos na ativa. A maioria está concentrada na cidade de Buenos Aires, onde existe um psicólogo para cada 121 portenhos.

Os habitantes da cidade também usam expressões adaptadas dessa ciência. Uma das expressões é "psico-patear" (psico-chutar), para referir-se a alguém que pressiona ou tortura psicologicamente outra pessoa.

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A psicanálise também está presente nas telenovelas. Os personagens psicólogos são frequentes nos enredos, e até uma telenovela, a "Vulnerables" (Vulneráveis), anos atrás teve grande sucesso ao retratar um grupo de pessoas que realizava análise grupal.

Durante a crise de 2001-2002 os programas de notícias consideravam os psicanalistas tão importantes como os analistas políticos e economistas para avaliar o caos social do país e o desespero de seus habitantes.

Os portenhos estão acostumados a ouvir ou pronunciar termos específicos da psicanálise como "projeção", "inconsciente" e "negação". E até para indicar o estado de ânimo surgiu o termo 'anímicamente': "sí, Graciela, anímicamente estoy mejor" (sim, Graciela, 'animicamente' estou melhor)

Volta e meia alguém pode comentar que está tendo 'x' reação física porque está "somatizando".

A expressão "histérica" foi mais além de seu sentido psicanalítico e é usada popularmente para referir-se a uma mulher ou homem que provoca com sensualidade mas não concretiza o ato sexual.

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A psicanálise também está presente nos quadrinhos. Esse é o caso do jornal "Página 12", que conta com a tirinha "Gaspar, El Revolú", do cartunista Rep, cujo protagonista passa boa parte do tempo no divã de sua analista.

Aliás, todas as quintas-feiras o "Página 12" dedica duas páginas a assuntos psicológicos-psicanalíticos (isso, quando não publica assuntos vinculados em outros dias da semana).O link para a seção de Psicologia desta 5afeira: http://www.pagina12.com.ar/diario/psicologia/index.html

Psicólogos também apresentam programas de rádio, como Gabriel Rolón, que tornou-se bastante popular nos últimos anos.

BUFFET FREUD Um pequeno guia de afazeres para-freudianos

COMER FREUDFreud & Fahler: O nome é por Freud, Sigmund Freud, o pai da psicanálise. E o Fahler não é por 'falo' em alemão (que é 'Der Phallus'), se é que alguém fez a clássica associação peniana-vienesa (e, não quero complicar mais ainda as coisas ao recordar que 'Vieníssima' é uma marca de salsichas em Buenos Aires...cidade cujo monumento-símbolo é o Obelisco). A primeira dona do restaurante era casada com com um sr. de sobrenome Fahler. E ela, que era psicanalista, costumava dizer que havia batizado o restaurante com os sobrenomes de seus dois amores. Na rua Gurruchaga 1750. Telefone: 4833 2153. Bairro de Palermo.

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BEBER E PETISCAR FREUDBAR SIGI: O bar que ostenta o diminutivo carinhoso de Freud está nas esquinas das ruas Salguero e Charcas. Frequentado pelos analistas e analisados da região. Telefone: 4824 4366.

REMÉDIOS Farmácia Villa Freud: Na rua Medrano 1773. Telefone: 4825 2612

FORA DE VILLA FREUDLIVROSLivraria Paidós Central del Libro Psicológico Av. Las Heras 3741 - Loja 31 Telefone: (5411) 4801-2860

Livraria Paidós del Fondo Av. Santa Fe 1685 Telefone: (5411) 4812-6685

MUSEU Museu de la Psicología Argentina Horacio Piñero, da Universidad de Buenos Aires Endereço: Independencia 3065 Bairro: Boedo (54 11) 4957 4348 / 4110 (ramal 116)

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EXTINTO Bar 'Diván, el terrible' (Divã, o terrível): Bar que fazia trocadilho com o nome do sádico czar russo Ivã, o terrível (Ivan Grozny, ou ????? ????????) e o divã, elemento sine qua non da mobília freudiana. Na época em que funcionava, o bar estava nos arredores da faculdade de psicologia da Universidade de Buenos Aires.

APESAR DA CRISE, DESEMPREGO E INFLAÇÃO, POBREZA CAI NA ARGENTINA SEGUNDO GOVERNO O aumento do desemprego, a persistência da alta inflacionária e a queda na produção industrial teriam provocado um efeito sui generis na Argentina, onde - segundo o governo da presidente Cristina Kirchner - a pobreza está encolhendo de forma acelerada. O anúncio sobre a redução substancial do número de pobres argentinos foi realizado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), que sustentou que a proporção de pessoas abaixo da linha da pobreza caiu dos 17,8% do ano passado para 13,9% atualmente. Além disso, o Indec afirmou que a proporção de indigentes - isto é, os argentinos que padecem fome diariamente - caiu de 5,1% para 4%.

Desta forma, segundo os cálculos do governo, 1,2 milhão de pessoas teriam deixado a pobreza e a indigência e teriam subido para classe média e a classe alta.

O anúncio do Indec gerou polêmica, já que os índices do organismo - que está sob férrea intervenção do governo há dois anos e meio - são suspeitos de intensa manipulação por parte da administração Kirchner.

A queda da pobreza anunciada pelo governo está na contra-mão das estimativas dos principais economistas do país, sindicatos não-alinhados com a presidente Cristina, além da Igreja Católica, que sustentam que a pobreza, em vez de diminuir - tal como afirma o governo - está crescendo de forma acelerada.

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Segundo eles, a proporação de pobres pelo menos duplica o número oficial, já que atingiria entre 30% e 40% dos argentinos. Segundo a consultoria Ecolatina, 31% dos argentinos são assolados pela pobreza. A Ecolatina, fundada pelo ex-ministro da Economia, Roberto Lavagna, sustenta que a pobreza cresceu nos últimos dois anos por causa da alta da inflação (superior aos salários) e o desemprego.

A Sociedade de Estudos Trabalhistas sustenta que a pobreza atinge 37% dos argentinos. A Universidade Católica estima um total de 34,5% de pobres. Monsenhor Jorge Casaretto, da pastoral social da Igreja Católica argentina, afirma que a proporção de pobres aproxima-se de 40% dos habitantes do país.

Em áreas sociais complicadas, como os municípios da Grande Buenos Aires, a proporção de pobres sobe para 36%.

"O governo continua negando a realidade e tenta esconder milhões de pobres. Essa é a política social da presidente", acusou Alfonso Prat-Gay, ex-presidente do Banco Central e deputado do partido Coalizão Cívica, da oposição.

Os analistas destacam que o número de sem-teto aumenta nas ruas de Buenos Aires, enquanto o número de protestos sociais cresce em diversas partes do país. Paradoxalmente, o próprio Indec anunciou que o desemprego aumentou de 8% da população economicamente ativa em 2008 para 8,8% neste ano.

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O pico da pobreza na Argentina ocorreu durante a crise econômica, social e financeira de 2001-2002. Na época, 57% dos argentinos eram assolados pela pobreza. Mas, com a retomada do crescimento econômico, a pobreza foi reduzida para 27%. Nos anos 70, época na qual a Argentina ainda era considerado um paraíso da classe média na América Latina, a pobreza não passava de 6% da população.

Estamos organizando um encontro com os comentaristas deste blog em um lugar (bar-restaurante) nas redondezas da av. Paulista para conversar. O encontro seria a partir das 18:30.

Quem quiser participar, por favor deixe em um comentário o nome e o mail com o qual posso contatá-lo (comentário que não será publicado).

Será um prazer conhecê-los pessoalmente!!! Abraços, Ariel

................................................................... Comentários racistas, chauvinistas, sexistas ou que coloquem a sociedade de um país como superior a de outro país, não serão publicados. Tampouco serão publicados ataques pessoais entre leitores nem ocuparemos espaço com observações ortográficas relativas aos comentários dos participantes. Além disso, não publicaremos palavras ou expressões de baixo calão (a não ser por questões etimológicas, como back ground antropológico). Todos os comentários devem ter relação com o tema da postagem. E, acima de tudo, serão cortadas frases de comentaristas que façam apologia do delito.

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