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Os Hermanos

Mães, hit parades dos tangos (e o pouco apreço da mãe de Borges pelo sistema decimal)

Por arielpalacios
Atualização:

Gardel olha sua idolatrada "viejita querida", dona Berthe Gardés, que morreu anos depois de seu filho.

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As letras dos tangos podem ser divididas em vários tópicos: paixões arrebatadoras e traições, a saudade de Buenos Aires, a nostalgia dos amigos, entre outros assuntos.

Um dos tópicos hit parades são as mulheres. E nesta categoria, uma as mães possuem presença sine qua non. Além disso, as mães são as únicas mulheres 100% reverenciadas nos tangos, sem exceção.

A mãe, nessas letras, é chamada de "mamá" (mamãe) ou "vieja" (velha, no sentido carinhoso). Ou ainda, "viejita" (velhinha, mais carinhoso ainda).

A mãe é o porto seguro dos protagonistas dos tangos nos momentos de angústia. Ou, quando o protagonista, arrependido de sua vida, busca o perdão. "Só uma mãe nos perdoa nesta vida, é a única verdade, é mentira todo o resto", diz a letra de "La casita de mis viejos" (A casinha de meus pais).

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Dona Berthe olha as fotos de seu filho, Carlos.

Neste caso, também existe uma subdivisão temática, a da casa materna, abundante nos tangos.

Carlos Gardel sempre falava sobre sua mãe, Berthe, e levava um retrato seu para todos os lados.

Em meados dos anos 60 um jornalista perguntou ao tangueiro Aníbal Troilo qual era o motivo da existência de tantas mães nos tangos. Troilo respondeu perplexo: "E onde você queria que elas estivessem???".

Acima, Edmundo Rivero (o criador de "El Viejo Almacén") canta o tango "Bonjour mamá", do uruguaio Alberto Mastra. Esta canção também foi imortalizada pelo cantor Sandro, falecido há poucos anos.

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MAMÁ BORGES - O escritor Jorge Luis Borges literalmente morou na casa da mãe Leonor Acevedo de Borges até ela morrer, com 99 anos, em 1970. Borges, que na época tinha 71 anos, viveu apenas 16 anos a mais, morando "independente" no mesmo apartamento materno no edifício da rua Maipú, esquina com a rua Marcelo T.de Alvear, no bairro de Retiro.

Durante décadas, até morrer, sua mãe lia todos seus contos e fazia observações e correções. Leonor Acevedo foi a grande incentivadora da carreira do filho, e, quando ele estava cego, encarregava-se de anotar os contos e poemas que Borges lhe ditava.

Mãe e filho eram muito irônicos, inclusive, sobre a morte. Ela morreu com 99 anos. No velório, uma amiga da mãe se aproximou e comentou com o escritor: "que pena, pensar que dona Leonor morreu poucos meses antes de completar 100 anos! Se ela tivesse esperado um pouco...". Borges respondeu: "pois é, minha mãe não era devota do sistema decimal..."

Dona Leonor e seu filho Jorge

MAMÁ PALACIOS - Na semana passada, quando minha mãe, Marta, morreu inesperadamente de um ataque cardíaco, uma colega - levada por aquela clássica morbidez funérea - me telefonou para dizer "puxa, não queria incomodar, mas sua mãe morreu repentinamente, sem avisar, sem sinais prévios? Como foi??".

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Nas horas anteriores eu já havia explicado, por mail, tudo o que havia ocorrido (do ponto de vista da causa mortis), e que - pela tristeza extrema que me assolava (e ainda não acredito que ela tenha falecido) - não tinha vontade de falar sobre o assunto com ninguém, por alguns dias. Mas, esta explicação não foi suficiente.

Então, quando esta colega me perguntou sobre o assunto, respondi (inspirado de certa forma no bom e velho Borges): "pois é, minha mãe era boa em improvisos..."

Minha mãe, que apreciava as ironias, teria se divertido, e muito...

E aqui, Beniamino Gigli cantando "Mamma, son tanto felice", um hit dos anos 1920, que fazia os imigrantes italianos chorar de saudade na América do Sul.

Às mães, feliz dia! 

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Aos filhos, aproveitem cada dia de convívio com suas mães!

 
 

Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).

 
 

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