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Os Hermanos

Mandatos interruptus: Desde 1989 a América do Sul teve 12 mandatos presidenciais que acabaram antes do prazo original

Por arielpalacios
Atualização:

A América do Sul quando era teenager: Mapa de 1596 de Jan Huygen van Linschoten.

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O Paraguai, que teve a abrupta queda do presidente Raúl Cubas Grau em 1999, acumula com a remoção de Fernando Lugo duas interrupções de mandatos desde a volta da democracia no país em 1989.

O diretor do Nueva Mayoría, o analista político Rosendo Fraga, disse ao Estado que "nos últimos anos os presidentes sul-americanos haviam deixado de cair, já que a América do Sul teve nesta década o maior crescimento econômico de sua História". No entanto, ressaltou que "este crescimento está sendo brecado, em grande parte pela crise global. E por isso, a instabilidade institucional volta a alguns países da região".

Segundo Fraga, "nas últimas eleições presidenciais, antes da crise econômica, os governos de plantão na América do Sul venceram nas urnas. Mas, como diria o ex-presidente americano Bill Clinton, 'é a economia, estúpido'. Fernando Lugo caiu exatamente em um ano que a economia do Paraguai tem o menor crescimento de sua presidência".

Fraga sustenta que a freqüência das interrupções dos mandatos presidenciais constitui um "sinal de alarme" sobre o desempenho institucional da América do Sul. 

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"Paraguay", ocupando boa parte do Cone Sul, em mapa de Jacques Nicolas Bellin, de 1760

DA VENEZUELA, PASSANDO PELA ARGENTINA, ATÉ O PARAGUAI - A lista de interrupções começa com o argentino Raúl Alfonsín (1983-89), que renunciou seis meses antes do fim de seu mandato, no meio do caos da hiperinflação, greves gerais e ameaças de levantes militares.

Em 1992 foi a vez do presidente brasileiro Fernando Collor de Mello, que renunciou poucas horas antes antes de ser condenado pelo Senado por acusações de corrupção. Oito meses depois, na Venezuela, o presidente Carlos Andrés Pérez, politicamente isolado e abandonado por seu partido, foi acusado de corrupção e destituído após um período turbulento de revoltas sociais - denominadas de "El Caracazo" - e dois levantes militares (uma dessas tentativas de golpe foi protagonizado pelo então golpista tenente-coronel Hugo Rafael Chávez Frias).

Em 1997, o presidente do Equador, Abdalá Bucaram, apelidade de "El Loco" (O Louco) protagonizou uma série de escândalos de corrupção que provocam uma greve geral. No meio da turbulência política, o Congresso declarou Bucaram mentalmente incapaz e designou o presidente do Parlamento como chefe interino do Poder Executivo. Durante cinco dias Bucaram não aceitou a destituição, até que pediu asilo no Panamá.

Em 1999, oito meses depois de sua eleição, Raúl Cubas Grau fugiu do Paraguai. O país estava imerso em um grave conflito interno do Partido Colorado, que havia governado o país por mais de meio século. O assassinato do vice-presidente Luis María Argaña foi o estopim de uma revolta social que provocou a queda de Cubas Grau.

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No mesmo ano caiu o presidente peruano Alberto Fujimori após iniciar seu terceiro mandato. No meio de um escândalo de corrupção envolvendo seu principal assessor, Vladimiro Montesinos, Fujimori fugiu para Tóquio, onde renunciou.

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No ano 2000, o Equador voltou a ser o cenário de turbulências sociais. Após o caos causado pela desvalorização da moeda, o presidente Jamil Mahuad é forçado à renúncia por setores militares, sindicais e indígenas. Seu vice, Gustavo Noboa, completa o mandato. No entanto, o seguinte presidente, Lucio Gutiérrez, mergulhou o país em mais uma crise. Ele não consegue completar seu período de governo e renunciou em abril de 2005.

Em 2001 foi a vez do argentino Fernando De la Rúa, que renunciou após uma onda de saques na Grande Buenos Aires e protestos na frente do próprio palácio presidencial que causaram a morte de 32 pessoas.

Em 2003 a Bolívia é assolada por uma grave crise social e política. Gonzalo Sánchez de Losada renuncia depois de estar catorze meses no poder. Nos oito meses prévios à queda de Sánchez de Losada as violentas manifestações sociais exibem um saldo de 130 mortos. Seu vice, Carlos Mesa, assume a presidência do país. Mas, em junho de 2005, depois de fortes convulsões sociais, também renunciou.

Na semana passada, Lugo tornou-se o décimo-segundo presidente sul-americano a sofrer a interrupção de seu mandato.

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AS INTERRUPÇÕES PRESIDENCIAIS

1989 Argentina Raúl Alfonsín 66 meses no poder

1992. Brasil Fernando Collor 31 meses

1993 Venezuela Carlos A. Pérez 50 meses

1997 Ecuador Abdalá Bucarám 8 meses

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1999 Paraguai Raúl Cubas 8 meses

2000 Equador Yamid Mahuad 18 meses

2000 Perú Alberto Fujimori 4 meses

2001 Argentina De la Rúa 24 meses

2003 Bolivia Gonzalo Sánchez 14 meses

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2005 Equador Lucio Gutiérrez 27 meses

2005 Bolívia Carlos Mesa 20 meses

2012 Paraguai Fernando Lugo 46 meses

 

Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).

 
 

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