Kicillof gera grande frisson entre as militantes kirchneristas. E as anti-kirchneristas, embora condenem a política econômica do ministro, admitem que Kicillof é "buen mozo" (boa-pinta). Outras utilizam uma expressão mais enfática, de caráter copulativo, que é uma metáfora laticínia: "lo parto como un queso" (o parto como um queijo).
O comandante da pasta da economia ostenta olhos azuis, costeletas dos anos 70, um estilo 'decontracté' (abomina o uso de gravatas) e aspecto juvenil que o 'baby face' faz parecer um homem na casa dos 30 (fará 43 anos daqui a um mês). O look do ministro é radicalmente diferente do perfil tradicional de seus antecessores na pasta, geralmente com ventres protuberantes, carecas, grisalhos e escondidos atrás de óculos fundos de garrafa.
Na Argentina o ministro - que é casado com uma professora de literatura e tem dois filhos - apesar de ser baixinho arranca suspiros e aplausos das militantes de "La Cámpora", denominação da juventude kirchnerista. No âmbito internacional, além dos comentários picantes sobre Kicillof nas redes sociais, o portal internacional de notícias "BuzzFedd" recentemente postou uma galeria de fotos do ministro e indicou que "a Argentina deu o calote em seus pagamentos da dívida pública. De novo. Mas a internet está obcecada com Axel Kicillof, o bonitão ministro da economia do país".
Cristina Kirchner, em novembro passado, empossa seu novo ministro da Economia, Axel Kicillof. Ou, como o chamam as fãs, "Kici-love" e "Kiss and Love".
Nos eventos públicos do governo o ministro é o mais procurado (praticamente o único na hora dos 'selfies') por suas admiradoras, que agora também o consideram um "defensor da pátria" por seu confronto frontal com os fundos hedge, aos quais chama de "fundos abutre". "Está crescendo seu perfil de rockstar", sustentou há poucos dias o jornal portenho "Perfil".
Economista de passado marxista converso ao multifacético e sempre mutável peronismo, é a estrela do governo argentino desde que assumiu formalmente o ministério em novembro passado. Kicillof, que tem crescente influência sobre a presidente Cristina Kirchner e conta com a amizade e o respaldo do geralmente desconfiado primogênito dos Kirchners, Máximo, que é o sustento emocional de sua mãe desde que ficou viúva após a morte de Néstor Kirchner em 2010.
"Ela está hipnotizada por ele", admitem parlamentares kirchneristas em Buenos Aires. "A presidente está hipnotizada por mim", afirmou o próprio Kicillof tempos atrás, segundo o biógrafo não-autorizado do ministro, o jornalista Ezequiel Burgos no livro "O crente".
Mas enquanto o perfil de celebridade do ministro cresce dia a dia, a economia argentina acelera o declínio. Desde o início do ano a produção automotiva caiu 23,3%, o superávit comercial nos últimos doze meses teve uma redução de US$ 1,46 bilhão, a atividade industrial registra uma queda de 3,7% desde janeiro, enquanto que as reservas do Banco Central diminuíram em US$ 1,74 bilhões.
Além disso, a Argentina está em estado de calote parcial com os credores nos Estados Unidos, as empresas estão realizando demissões, a tensão sindical cresce e o país também está colidindo com a Organização Mundial do Comércio. De quebra, a Argentina, por seu protecionismo, está irritando seus sócios do Mercosul. Apesar disso, setores do kirchnerismo especulam seu nome como eventual candidato à presidência da República, embora sua desaprovação popular seja de 54%, contra uma aprovação de 22%, segundo pesquisa da consultoria González & Valladares. Recentemente a presidente Cristina em discurso na Casa Rosada definiu Kicillof como "pequenino mas eficaz". Ela referia-se à baixa estatura do ministro e sua intensa dedicação ao governo.
Cristina Kirchner observa seu ministro durante as cerimônias de celebração do aniversário da Bolsa de Valores de Buenos Aires.
Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra). Em 2013 publicou "Os Argentinos", pela Editora Contexto, uma espécie de "manual" sobre a Argentina. Em 2014, em parceria com Guga Chacra, escreveu "Os Hermanos e Nós", livro sobre o futebol argentino e os mitos da "rivalidade" Brasil-Argentina.