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Os Hermanos

N.Kirchner: entre as coronárias e os comícios

Por arielpalacios
Atualização:

Kirchner teve alta em menos de 24 horas. Governo teria apressado saída de ex-presidente do hospital quando começaram a surgir dúvidas sobre sua candidatura presidencial. O ex-presidente, que é considerado o verdadeiro poder no governo da esposa, já passou por várias situações arriscadas de saúde, entre elas uma hemorragia gastrointestinal grave em 2004, quando era presidente e uma obstrução da carótida no início deste ano. Mas, age como se tivesse sete vidas felinas, e depois de cada problema de saúde intensifica sua agenda de trabalho. Falando em gatos e em Kirchner, acima está "Schwarzer Kater( Boby)", uma pintura do genial Kirchner. Não de Néstor, mas de Ernesto Kirchner. Ou melhor, de Ernst Ludwig Kirchner, pintor suíço, que fez este felino entre 1924 e 1926. Nascido em 1880 em Aschaffenburg, foi um expressionista que fundou a sociedade artística Die Brücke (A Ponte). E.Kirchner cometeu suicídio em 1938, quando estava mentalmente perturbado. Néstor e Ernesto não são parentes.

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Kirchner não descansou nas breves horas de sua internação. No hospital reuniu-se com o chefe do gabinete de ministros, Aníbal Fernández e o ministro do Planejamento Federal, Julio De Vido. Fernández e De Vido são, respectivamente, os braços-direitos dos Kirchners na área política e econômica.

Esta foi a segunda intervenção cirúrgica que Kirchner - considerado o verdadeiro poder no governo da esposa - sofreu nos últimos sete meses.

Na noite desta segunda-feira, a presidente Cristina afirmou sobre seu marido: "ele está muito bem. Teremos Kirchner para bastante tempo!".

Andy Warhol (née Andrew Warhola, seu sobrenome original, de origem ruteno) deve ter imaginado muitas coisas sobre suas obras. Mas o polifacetico artista americano talvez nunca pensou que inspiraria cartazes de militantes kirchneristas. Acima, o ex-presidente Kirchner, à la mode de Warhol, no cartaz que convoca o comício desta 3afeira no Luna Park. Ali foi velado Carlos Gardel em 1935.

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Há poucas semanas ministros de sua esposa lançaram informalmente a candidatura de Néstor Kirchner à presidência da República nas eleições do ano que vem.

Mas, o ex-embaixador, escritor e colunista político Jorge Asís ressaltou que, por causa dos problemas de saúde de Kirchner, o governo recorrerá a Cristina como candidata presidencial para as eleições de 2011.

O analista político e de opinião pública Jorge Giaccobe sustenta que Kirchner deveria entender seu estado de "debilidade física". Além disso, o analista destaca que a saúde do ex-presidente pode gerar dúvidas sobre sua liderança entre seus aliados. "A pergunta 'temos mais ou menos chefe?' começará a ser feita dentro das fileiras de aliados", afirma.

"A cavaleira do circo", outra obra de Kirchner. Ernst Kirchner.

Além disso, para desmentir boatos de que o ex-presidente reduziria sua agitada agenda política, o porta-voz optou por não descartar que Kirchner participe do comício organizado para esta terça-feira à noitinha, no estádio coberto Luna Park, em pleno centro portenho, evento que reunirá milhares de jovens militantes kirchneristas.

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"Começará a cumprir suas tarefas nesta semana", disse Scoccimarro, categórico. Nesta segunda-feira afirmou sobre o comício: "é bem possível que ele vá".

Além deste comício, Kirchner terá uma semana agitada, já que prometeu estar presente em outros dois atos políticos nesta quarta e quinta-feira.

Os organizadores do comício indicavam que a presidente Cristina poderia substituir o ex-presidente como orador (no caso de que Kirchner não estivesse bem para discursar). O importante, para o governo, é mostrar a figura do ex-presidente ao vivo. Na hipótese de não discursar, Kirchner apesar das recomendações médicas contrárias, estaria presente, sentado no palanque. Calado. Mas estaria ali.

Recém-operado, ex-presidente prepara-se para participar de comício na terça-feira. Aqui, outro cartaz, que o retrata como o herói de comics "El Eternauta". Os olhinhos de Kirchner - e nariz junto - podem ser vistos pelo visor. "El Eternauta" é um clássico de clássicos das histórias em quadrinhos da Argentina. Seu roteirista, Héctor Oesterheld, foi sequestrado e assassinado pelos militares durante a ditadura militar.

Em fevereiro passado Kirchner foi operado de uma obstrução na carótida. Na ocasião, perante a internação do homem mais poderoso da Argentina, o funcionamento do governo ficou em compasso de espera.

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Na época, após sua alta, os médicos recomendaram a Kirchner uma drástica redução de sua atividade política. No entanto, o ex-presidente recusou-se a diminuir o ritmo de trabalho.

Nos últimos dois meses circularam rumores sobre exames médicos feitos de forma secreta por Kirchner, além de boatos sobre seus problemas de saúde. Desde 2004 Kirchner teve hemorragias gastrointestinais e problemas de cólon. 

Mais um Kirchner. Desta vez, a obra é "Cavalheiro com cachorro no colo". 

Desde fevereiro protagonizou diversos confrontos com a mídia e setores empresariais. Além de ocupar o posto de deputado federal no Parlamento (embora não compareça a sessão alguma da Câmara), Kirchner também é o presidente do governista partido Justicialista (Peronista). De quebra, ocupa a secretaria-geral da União de Nações Sul-americanas (Unasul).

Um doente, neste caso imaginário. Ou melhor, "Le malade imaginaire", do pintor francês Honoré Daumier, baseado no livro de Molière, "O doente imaginário". O quadro é de 1878. Os problemas de Kirchner, Néstor, são bem concretos. Mas, o que sempre me chamou a atenção do quadro é que ... o homem deitado não é parecido ao ex-presidente?

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Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).

 
 

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