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Os Hermanos

Niccolò Machiavelli em guarani

 

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Por arielpalacios
Atualização:

O autor do best-seller "O Príncipe", retratado pelo pintor Santi di Tito em 1500. Segundo analistas, no Paraguai, o astuto florentino não teria passado de um aprendiz.

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Caras e caros, já que o Paraguai novamente está nas manchetes internacionais, aqui segue um breve vocabulário político paraguaio. Os termos estão em guarani, idioma no qual os paraguaios preferem expressar as complexidades da intrincada política local.

O guarani é uma das duas línguas oficiais desse fascinante - e geralmente turbulento - país (que em guarani seria "Tetã Paraguai").

Os analistas afirmam que se o florentino Niccolò Machiavelli - o Maquiavel (1469-1527) - tivesse conhecido o Paraguai, sentir-se-ia um aprendiz.

ATENÇÃO: O vocabulário paraguaio bem serviria para aplicação em outros países da região...

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Pokaré - Ipsis literis, significa "mão retorcida". Mas, segundo o falecido sociólogo paraguaio Helio Vera, o termo é utilizado para indicar um comportamento de lideranças políticas que consiste na mistura de astúcia, descaro, cinismo e traição.Vera explicava que o 'pokaré' é a valorização da esperteza (em vez da coragem)."Sobrevivente por instinto, o paraguaio preferirá sempre os sigilos da raposa do que os ferozes rugidos do tigre", dizia Vera.

Exemplo dessa esperteza maquiavélica: Nicanor Duarte Frutos, quando era presidente - segundo dizia a oposição na época da reta final de seu mandato - teria realizado um brilhante exercício de 'pokaré' ao colocar um inimigo seu, o general Lino Oviedo, fora da prisão (onde cumpria pena por tentar um golpe de Estado) só para tentar roubar parte do eleitorado do então ex-bispo Fernando Lugo (que finalmente foi eleito presidente).

Yvytuísmo - 'Yvytu' significa "vento". O termo 'yvytuísmo' indica "estar a favor do vento que sopra". É aplicado sobre os políticos que mudam de posição de acordo com a conveniência, mesmo que isso implique em trair os colegas. Vira-casaca.

"Tudo é questão de aderir fervorosamente à corrente eólica predominante", ironizava Vera.

Desta forma, um político que ontem à noite podia ser um frenético liberal, hoje de manhã poderia acordar e logo em seguida alardear ser o mais fervoroso colorado. Os analistas afirmam que "geralmente, no politico paraguaio é difícil definir uma posiçao ideológica. A mimetizaçao política é um esporte".

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Aájata aju - "Vou embora para vir". A frase indica que o retorno de um político (a seu partido original, por exemplo) não fica comprometido.

Che ruvicha - "Meu chefe". Expressão muito útil para demonstrar obediência.

O general Stroessner - que governou o país durante 25 anos - era o "ruvicha" que adorava muito "mongele'e". Na foto acima, o presidente e general argentino Juan Domingo Perón abraça Stroessner efusivamente.

Mongele'e - A lisonja rasgada. O elogio exultante que os políticos de segundo escalão realizam aos donos do poder. "Aqueles elogios barrocos que Odorico Paraguassu fazia em 'O Bem-Amado' são amadores perto daqueles que fazem aqui", me explicou um veterano diplomata paraguaio que conheceu bem o Brasil nos anos 80.

Ijapú - "Mentiroso".

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O Paraguai teve um genial compositor erudito, Agustín Pio Barrios, também conhecido como "Nitsuga Mangoré". Ele nasceu em 1885 e faleceu em 1944.

Ele apresentou-se nos anos 20 e 30 na Europa e EUA. A imprensa o chamou de "o Paganini do violão das florestas paraguaias".

Aqui, com o supimpa John Williams, de Agustín P.Barrios, "Maxixe":

E "Sueño en la floresta",

 

E aqui, "Villancico de Navidad":

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E aqui, a imagem do artista:

 

Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).

 
 

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