arielpalacios
12 de setembro de 2011 | 19h50
O caudilho que virou videogame: Tal como Godzilla, que não pede licença para passar, um robótico Juan Domingo Perón arrasa a capital japonesa.
Na “Peronósfera” (o mundo peronista na web) já é possível jogar com o próprio defunto general e presidente Juan Domingo Perón (1946-55 e 1973-74) em diversos games online. Um dos jogos é o “Rise and fall of Mecha-Perón” (Ascenção e queda de Mecha-Perón) que obteve o primeiro lugar em um peculiar concurso – o “Codear” – organizado pela Associação de Desenvolvedores de Videogames da Argentina. O concurso tinha como premissa inventar jogos informáticos nos quais Perón fosse o personagem central.
A trama do jogo é esta: cientistas malucos japoneses construíram um robô gigante em 1945, logo após perder a guerra. E, aproveitaram que Perón estava despontando na distante América do Sul e decidiram que o robô teria sua cara, em sua homenagem.
Mas, a IA (inteligência artificial) do mega-autômata descontrolou-se. E este gigantesco Perón metálico começou a destruir a capital japonesa.
Tal como Godzila costumava flanear pelas ruas da capital do Império do Sol, Perón – neste game – caminha por Tókio arrasando tudo, enquanto diz “justiça social, justiça social” e “companheiro, companheiro”.
Godzilla lançava raios pela boca (além de fogo, dependendo da versão). Este Perón desfere seus mortíferos raios-laser oculares. Aqui, dispara o laser contra um caça-bombardeiro nipônico.
Perón (o robô, evidentemente) conta com poderosos raios-laser que saem de seus olhos calcinando caças da aeronáutica nipônica, além de um “punho ejetável” com o qual destrói edifícios completos.
Os criadores destacaram que o jogo foi criado no final de 2010, meses antes do tsunami que arrasou o norte do Japão em março passado.
“O conceito do jogo apela ao absurdo. Achamos divertido que Perón fosse um robô. Mas, na realidade, não há intenção política”, sustenta um dos criadores, Nicolas Viegas Palermo.
O fundo musical é um remix metal da marcha “Los muchachos peronistas”.
Para brincar com o general, clique aqui.
Gorilas, Perón e Evita. E os choripanes.
O jogo que obteve o segundo lugar foi “Evita e Perón contra os gorilas”. Este jogo online mostra um Perón zumbi descendo de um ônibus na frente de um lugar onde “gorilas” (gíria para denominar os anti-peronistas furibundos) escravizam camponeses (a representação dos gorilas é tal como se fossem os símios citados, embora com cartolas para indicar sua condição “oligarca”).
Neste game, Perón deve resgatar os trabalhadores, colocá-los no ônibus onde haverá “choripán” (o sanduíche popular distribuído pelos políticos a granel nas manifestações) e um refresco e leva-los à Praça de Mayo, centro principal das marchas peronistas. Evita aparece quando tudo dá certo.
Os autores destacaram que o game ironiza tanto os anti-peronistas como os próprios peronistas e suas práticas políticas.
Para jogar o “Evita e Perón contra os gorilas”, clique aqui.
Um link para um vídeo explicativo, aqui.
Cartaz do “Codear”, o concurso que reúne games inspirados nas figuras do peronismo. Na ilustração, Perón e Evita jogam na frente da tela.
E neste outro link, uma postagem deste blog sobre o emblemático “choripán”. Aqui.
Outro jogo é o “Pêndulo Peronauta”, no qual o internauta deve jogar com as idas e vindas de Perón entre operários, burocratas, empresários e operários,. Perón oscilou, ao longo da carreira, entre medidas conservadores e medidas revolucionárias.
Perón costumava explicar a seus ministros e parlamentares como lidar com os vários setores internos do partido (muitas vezes, antagônicos): “a arte de governar é como dirigir um carro: dê o pisca-pisca para a esquerda…mas vire o volante para a direita”.
Para jogar o “Pêndulo”, o link do jogo, aqui.
Durante o concurso, os militantes peronistas presentes (a maioria) encararam os games com humor.
Um link com a marcha Los Muchachos Peronistas interpretada por Hugo del Carril, cantor de tango que também foi ator nos anos 40 e 50. Aqui.
Uma segunda versão, levemente modificada no arranjo. Aqui.
PARA O HAPPY HOUR: Neste link, a marcha peronista em ritmo de jazz. Aqui.
E falando em Godzilla (???,, cuja pronúncia pra valer é Gojira), que é um daikaij? (???, isto é, “grande monstro”), o link para o blog da brilhante colega Heloísa Lupinacci, que juntou um Godzilla argentino e um pato em seu banheiro, aqui (vale a pena ver o resto do blog).
E junto com isso, um breve clip com imagens do Godzilla original, aqui.
Na versão cinematográfica americana de 1998 do filme “Godzilla”, o emblemático Jean Reno (que contracena com Mathew Broderick) é um militar francês que – incógnito – está na Nova York que está sendo arrebentada pelo monstro asiático (ou da Oceania, segundo este filme).
Uma das melhores cenas é quando Jean Reno, que interpreta o oficial francês Philippe Roache, está em seu esconderijo, junto com outros militares franceses de seu comando especial. Um dos ajudantes-de-campo volta da rua, onde havia ido para buscar croissants e café.
Jean Reno pega um donut que o ajudante lhe entrega. “No croissant?”, pergunta em inglês. Então, dá uma bebericada na caneca de café e faz cara de nojo ao sentir o sabor.
O diálogo brevíssimo a seguir é este:
Jean Reno: Você chama isto de café??
Ajudante: Eu chamo isto de América!
E falando em café… e em Perón, uma postagem sobre os lugares onde Perón virou café (na ilustração, o general, com seu sorriso de Kolynos, tal como diziam na época, beberica um cafezinho), aqui.
PERFIL: Ariel Palacios fez o Master de Jornalismo do jornal El País (Madri) em 1993. Desde 1995 é o correspondente de O Estado de S.Paulo em Buenos Aires. Além da Argentina, também cobre o Uruguai, Paraguai e Chile. Ele foi correspondente da rádio CBN (1996-1997) e da rádio Eldorado (1997-2005). Ariel também é correspondente do canal de notícias Globo News desde 1996.
Em 2009 “Os Hermanos“ recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).
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