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Os Hermanos

Socialistas "light" tentam manter o poder no Uruguai

O ex-presidente Tabaré Vázquez, um dos líderes da Frente Ampla, de centro-esquerda, tenta voltar à presidência do Uruguai. No início do ano sua vitória era encarada como inevitável. Mas, nos últimos tempos começam a surgir dúvidas sobre isso. Seu rival Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional (ou "Blanco"), começou a crescer de forma persistente. Os analistas indicam que o segundo turno é praticamente inevitável.

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Por arielpalacios
Atualização:

O ex-presidente Tabaré Vázquez, um dos líderes da Frente Ampla, de centro-esquerda, tenta voltar à presidência do Uruguai. No início do ano sua vitória era encarada como inevitável. Mas, nos últimos tempos começam a surgir dúvidas sobre isso. Seu rival Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional (ou "Blanco"), começou a crescer de forma persistente. Os analistas indicam que o segundo turno é praticamente inevitável.

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Mas, as chances de uma vitória tranquila desvaneceram ao longo do último mês e meio com o inesperado crescimento persistente nas pesquisas de opinião pública de Luis Lacalle Pou, de 41 anos, candidato do Partido Nacional (também conhecido como "Partido Blanco").

Desta forma, com um clima de suspense que os uruguaios não viviam desde as acirradas eleições de 1999, os partidos políticos entram hoje (domingo) na última semana de campanha eleitoral. No próximo domingo, dia 26, os uruguaios irão às urnas para o primeiro turno das eleições presidenciais. Além disso, renovarão o Senado e a Câmara de Deputados, além de votar em um plebiscito sobre a eventual redução da idade de responsabilidade penal de 18 para 16 anos.

Uma pesquisa elaborada pela consultoria Equipos Mori indica que a Frente Ampla contraria com 41% dos votos, enquanto que o Partido Nacional obteria 28% e, com o candidato Pedro Bordaberry, o Partido Colorado teria 15%.

O Partido Independente possui 3%, enquanto que a União Popular, de esquerda, constituída por dissidentes da Frente Ampla decepcionados com o "baixo esquerdismo" do presidente José Mujica e de Vázquez - aos quais definem ironicamente como "socialistas pausterizados" - contam com 1%. O Partido Ecologista, formado por grupos também descontentes com os frentamplistas, receberia 1% dos votos.

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Outra pesquisa, da consultoria Factum, sustenta que a Frente Ampla possui 42% das intenções de voto, enquanto que o Partido Nacional teria 32%. Os colorados obteriam 15% dos votos, enquanto que os independentes receberiam 3%. A Unidade Popular e o Partido Ecologista teriam 1% cada um.

Uma pesquisa da Equipos Mori indicou na quinta-feira que o frenteamplista presidente Mujica conta com 56% de aprovação popular. No entanto, Mujica não pode ser candidato, já que a constituição uruguaia proíbe a reeleição presidencial consecutiva.

A campanha, como costuma ocorrer sempre no Uruguai - na contra-mão de países da região - está sendo marcado pelo habitual clima civilizado, sem agressões entre políticos. As máximas ofensas entre candidatos constituem frases como "as propostas do candidato X são frágeis como bolha de sabão".

ESTANCAMENTO - O analista político e de opinião pública Oscar Bottinelli, disse ao Estado que "o estancamento da Frente Ampla é um fenômeno que estava ocorrendo desde 2010, ficando sempre entre 41% e 44% das intenções de voto. Mas, tudo indicava que Vázquez permitiria superar essa faixa".

No entanto, segundo Bottinelli, setores mais à esquerda da Frente Ampla "sentiram que Vázquez não faria as mudanças revolucionárias que eles esperavam e foram embora, fundando a Unidade Popular. Além disso, as classes médias e classes altas, que foram as menos favorecidas pelo governo da Frente Ampla, também indispuseram-se com Vázquez. E, de quebra, os setores médio-baixo e baixo, apesar de receberem vários benefícios deste governo, estão irritados com o crescimento da criminalidade".

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Bottinelli sustenta que a educação teve "uma revolução" com o "Plano Ceibal", que distribuiu a cada estudante uma laptop, além de acesso gratuito a internet para esses alunos. "Mas, o resto do setor educativo está cada vez com mais dificuldades", ressalta.

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Segundo o analista, o surgimento de Lacalle Pou "é um fenômeno com efeitos psicológicos e sociológicos interessantes", já que propicia "uma sensação de renovação de gerações, mais ainda em um país envelhecido como o Uruguai, onde a média de idade do eleitorado é 44 anos, patamar que nos coloca como um dos três países com a mais alta idade média. E, além disso, Lacalle Pou é três anos mais novo que essa média".

PLEBISCITO - Uma pesquisa da consultoria Equipos Mori indicou na semana passada que 54% dos uruguaios respaldam o projeto de reforma constitucional que permita reduzir dos 18 aos 16 anos a idade da responsabilidade penal. Outros 38% posicionaram-se contra essa iniciativa - que é rejeitada pela Frente Ampla - enquanto que 8% não possui opinião formada. Em setembro o respaldo à redução da idade penal era de 51%.

As pesquisas da Factum indicam que 44% dos uruguaios estão a favor da redução, enquanto 38% opõem-se ao projeto. Outros 6% indicaram que poderiam eventualmente votar a favor da redução, embora não estivessem totalmente definidos. Além deles, 5% acreditam que poderiam eventualmente votar contra a redução.

A Frente Ampla posiciona-se contra a redução. Enquanto isso, o Partido Nacional está dividido, já que Lacalle Pou é a favor, embora seu candidato a vice, Jorge Larrañaga seja contrário.

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E, para embalar a jornada, o tangueiro uruguaio Francisco Canaro:

//www.youtube.com/embed/2na5Ry8jRrU

 

Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra). Em 2013 publicou "Os Argentinos", pela Editora Contexto, uma espécie de "manual" sobre a Argentina. Em 2014, em parceria com Guga Chacra, escreveu "Os Hermanos e Nós", livro sobre o futebol argentino e os mitos da "rivalidade" Brasil-Argentina.

No mesmo ano recebeu o Prêmio Comunique-se de melhor correspondente brasileiro de mídia impressa no exterior.

 
 

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