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Os Hermanos

"Sr. Protecionismo" visita o Brasil para vender produtos Made in Argentina

Por arielpalacios
Atualização:

Cristina Kirchner e seu braço-direito na área de comércio exterior, o secretário de comércio interior, Guillermo Moreno

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O secretário de comércio interior da Argentina, Guillermo Moreno - virtual comandante da área de comércio exterior do país - desembarcou hoje em São Paulo. Moreno, autor de várias medidas que barraram a entrada de produtos brasileiros na Argentina nos últimos dois anos, chegou acompanhado de uma missão de empresários argentinos - que viajaram ao Brasil em três aviões charter da Aerolíneas Argentinas - com a intenção de vender mais produtos Made in Argentina no Brasil.

O protecionista Moreno será uma das principais figuras do "Encontro Empresarial Argentina-Brasil", organizado pelo ministério da Economia, reúne na sede da Fiesp 600 empresários argentinos com 400 brasileiros. Segundo os argentinos, já estão agendadas mais de 2.500 reuniões de negócios para aumentar o comércio bilateral e diversificar as vendas de produtos argentinos no sócio do Mercosul. O governo Kirchner pretende reduzir o déficit que o país possui com o Brasil.

As diversas medidas de Moreno, especialmente a "Declaração Juramentada Antecipada de Importação (DJAI)" - que desde fevereiro obriga todas empresas que desejem importar a apresentar, de forma prévia, um relatório detalhado ao organismo de arrecadação tributária - provocaram uma queda de 23,2% das exportações brasileiras para a Argentina em abril em comparação com o mesmo mês do ano passado.

A apresentação dessa declaração não é suficiente para importar, já que o empresário importador precisa esperar pela resposta positiva - ou não - do governo argentino sobre seu pedido, sem prazo de tempo definido.

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Em abril a Argentina importou do Brasil menos motores para veículos, veículos de carga, polímeros plásticos, minério de ferro e tratores, entre outros produtos.

Entre janeiro-abril o comércio bilateral foi favorável ao Brasil em US$ 970 milhões. Mas, o volume indica uma queda de 27,1% em relação ao superávit que o mercado brasileiro exibia com a Argentina nos primeiros quatro meses de 2011.

Entrada na Argentina dos primos do Marquês de Rabicó está complicada. A ilustração acima é "Chasing the Greased Pig"de RichardDoyle (1824-83).

SUÍNOS BARRADOS - Em março o ministro da Agricultura do Brasil, Jorge Mendes Ribeiro, e seu colega argentino Norberto Yahuar reuniram-se em Buenos Aires para conversar sobre os problemas que a carne suína brasileira estava enfrentando para entrar na Argentina. Eles chegaram a um acordo preliminar que implicaria em cotas somente para o Brasil. A média brasileira em 2011 havia sido de 3.500 toneladas por mês e seria encolhida para 3 mil. No entanto, o acordo verbal entre os dois ministros esbarrou no secretário Moreno, que bloqueou de forma quase permanente o ingresso dessas importações.

Segundo fontes do setor na Argentina disseram ao Estado, Moreno não permitiu a entrada de carne suína brasileira nas últimas semanas. "A entrada de polpa brasileira está fechadíssima", indicaram.

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Na semana passada o secretário recebeu 50 empresários argentinos importadores de carne suína. "Moreno obrigou os presentes a viajar nesta terça-feira a São Paulo com ele - sim ou sim - para vender produtos suínos argentinos no Brasil, mesmo que isso não seja um item deles", explicou um representante do setor. "Mas, com que cara a gente vai aparecer lá, se a Argentina não está permitindo a entrada de produtos brasileiros?".

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Moreno, segundo as fontes, afirmou que só permitirá importações aos empresários que também exportem. O secretário obriga as empresas a exportar um dólar por cada dólar importado. "Empresários do setor suíno terão que viajar com amostras para oferecer produtos, mesmo que não sejam do mesmo item. Há colegas, fabricantes de presunto que terão que ir à São Paulo com amostras de canetas, camisetas e tênis", indicaram as fontes.

PERFIL DE GUILLERMO MORENO

Os apelidos de Guillermo Moreno, secretário de Comércio Interior, são os mais variados e sugestivos. Ele era chamado de "Lassie" - tal como a simpática e doce cadela collie imortalizada no cinema - pelo ex-presidente Néstor Kirchner, em alusão irônica a seu comportamento agressivo (Moreno, em seu escritório, tem uma foto da cachorrinha). Ele também é o "Napia" ("Nariz", em gíria portenha) para seus colegas de gabinete por seu perfil aquilino.

Moreno é a mais polêmica das figuras do gabinete da presidente Cristina Kirchner. Ele passou incólume a todas as reformas ministeriais que ela e Kirchner fizeram, apesar dos pedidos dos empresários, que pedem sua cabeça.

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Segundo os analistas, é o homem que faz o "trabalho sujo" do governo Kirchner, já que ele é o responsável pela manipulação de índices da inflação, pobreza, desemprego e PIB realizada pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), organismo sob férrea intervenção do governo há dois anos e meio.

Moreno inicia encontros com empresários colocando seu revólver em cima da mesa. Ele também telefona aos executivos às 6:00 da manhã - nos fins de semana - para exigir, em frases entremeadas de sonoros palavrões, que congelem seus preços ou deixem de importar produtos para não atrapalhar as contas fiscais do governo. Suas ordens, muitas das quais não-escritas, também provocam demoras para a liberação de produtos nas alfândegas.

E falando em Lassie, na foto acima Elizabeth Taylor e a protagonista canina que deu o nome ao filme. E ao apelido do secretário.

 

Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).

 
 

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