PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Os Hermanos

Torturador da ditadura argentina (que também era picareta imobiliário) foi detido na Bolívia em blitz para caçar imigrantes ilegais

O ex-repressor, além de ter sequestrado e assassinado civis, era autor de fraudes imobiliárias e outras picaretagens.

Por arielpalacios
Atualização:

O cartaz de "procura-se" que havia sido colocado para localizar o ex-toturturador da ditadura Jorge Horacio Páez Senestrari. O ex-repressor, além de ter sequestrado e assassinado civis, era autor de fraudes imobiliárias e outras picaretagens

PUBLICIDADE

Uma comissão de autoridades bolivianas - lideradas pelo ministro do Interior Jorge Pérez - entregou o ex-oficial na cidade de Yacuíba, Bolívia, na fronteira com a Argentina, ao cônsul Ricardo Dinele. Ao ser transportado em avião a Buenos Aires, o ex-militar esbravejou: "não estão respeitando meus direitos humanos!"

Paez Senestrari foi denunciado pela primeira em 2008 por fraude a um grupo de pessoas em San Juan às quais havia vendido terreno de um loteamento e posteriormente havia revendido a outros. Convocado pelo juiz, Paez não compareceu aos tribunais, fato que levou o magistrado a uma ordem de prisão. Após sua detenção o juiz surpreendeu-se ao descobrir que o autor das fraudes imobiliárias tinha um passado de ex-torturador. Os terrenos da fraude pertenciam à "Condor Propriedades".

Coincidentemente, o oficial havia participado do "Plano Cóndor", denominação a operação regional de intercâmbio de prisioneiros políticos e de colaboração nas tarefas de repressão entre as diversas ditaduras do Cone Sul. Na época Paez Senestrari - capitão do Regimento de Infanteria de Montanha Número 22 - integrou um pequeno grupo de oficiais que entre 1976 e 1981, liderados pelo chefe de inteligência do Regimento, Jorge Olivera, assolou a província de San Juan, sequestrando estudantes, líderes sindicais e políticos locais. Vários integrantes dessa força-tarefa também foram acusados de estupros.

Em 2010 o ex-oficiaol foi colocado em prisão preventiva na penitenciária de Chimbas, em Mendoza. No entanto, foi liberado poucos meses depois graças à uma controvertida decisão da Câmara Federal de Justiça dessa província, quando um grupo de juízes que no passado havia colaborado com a ditadura, decidiu que Paez Senestrari e outros sete ex-repressores poderiam esperar o julgamento fora da prisão.

Publicidade

Em novembro de 2011, quando foi convocado novamente pela Justiça para ser julgado por diversos casos de invasão de propriedade privada, sequestro e torturas, Paez Senestrari já havia fugido.

Paez Senestrari, de 68 anos, poderia ser condenado a 25 anos de prisão por casos de violação de domicílio sequestro e torturas a líderes políticos e estudantis na província de San Juan, entre eles o atual governador José Luis Gioja. 

ASSASSINATOS - Segundo organismos de defesa dos Direitos Humanos argentinos e organizações internacionais, durante a ditadura, militares e policiais argentinos assassinaram ao redor de 30 mil civis. A maioria destas pessoas não tinha militância alguma na guerrilha.

No entanto, o número de desaparecidos catalogados pela Comissão Nacional de Pessoas Desaparecidas (Conadep), é de 10 mil pessoas.

Os militares admitem que assassinaram 8 mil civis (segundo declarações dos ex-ditadores Reynaldo Bignone e Jorge Rafael Videla)

Publicidade

Segundo os militares, a guerrilha assassinou 900 pessoas, a maioria dos quais militares e policiais.

 
 

Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra). Em 2013 publicou "Os Argentinos", pela Editora Contexto, uma espécie de "manual" sobre a Argentina. Em 2014, em parceria com Guga Chacra, escreveu "Os Hermanos e Nós", livro sobre o futebol argentino e os mitos da "rivalidade" Brasil-Argentina.

 
 

E, the last but not the least, siga @EstadaoInter, o Twitter da editoria de Internacional do Estadão.

 

......................................................................................................................................................................

Comentários racistas, chauvinistas, sexistas, xenófobos ou que coloquem a sociedade de um país como superior a de outro país, não serão publicados. Tampouco serão publicados ataques pessoais aos envolvidos na preparação do blog (sequer ataques entre os leitores) nem ocuparemos espaço com observações ortográficas relativas aos comentários dos participantes. Propaganda eleitoral (ou político-partidária) e publicidade religiosa também serão eliminadas dos comentários. Não é permitido postar links de vídeos. Os comentários que não tiverem qualquer relação com o conteúdo da postagem serão eliminados. Além disso, não publicaremos palavras chulas ou expressões de baixo calão (a não ser por questões etimológicas, como background antropológico).

Publicidade

 
 
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.