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Os Hermanos

Encantador e excêntrico: o profundo Xul Solar

Por arielpalacios
Atualização:

"Xul Solar criou várias cosmogonias.. em uma única tarde!". Frase de Jorge Luis Borges sobre seu amigo e pintor Xul Solar.

Aproveitamos que nesta semana ocorreu seu aniversário de nascimento, no dia 14 de dezembro, para contar algo sobre esta rica personalidade.

Durante sua estadia em Paris, para onde partiu quando tinha 24 anos (ia por apenas um mês em 1912 e acabou ficando 12 anos), bebeu das fontes dos movimentos cubista, o futurismo, o fauvismo, o expressionismo e o surrealismo.

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Seu estilo é definido com certa frequência como "surrealista". No entanto, diversos especialistas preferem classificar sua obra como "fantástica". Ocasionalmente - e a grosso modo - é comparado com o alemão Paul Klee, a quem Xul Solar admirava. Em outras circunstâncias os especialistas afirmam que sua obra recorda a arte ruprestre.

Seus quadros - plenos de figuras oníricas e com cores marcantes - mostram edifícios, casas, astros, escadas, máscaras, figuras pré-colombianas, bandeiras e uma série de símbolos das mais diversas religiões.

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Acima, o retrato do polifacético artista

Tal como um homem do Renascimento, Xul Solar era especialista em uma miríade de assuntos. O pintor conhecia profundamente sobre teologia de diversas religiões e estudava astrologia e filosofia.

De quebra, filho de um lituano de origem alemã e de uma italiana piemontesa, Xul Solar era fascinado por idiomas.

O fascínio pelas línguas o levou a criar o "neo-criollo", que misturava o espanhol, o português, o inglês, francês, grego e sânscrito, além de um touch de argentinismos.

Xul Solar, além de criar novos caracteres para seu idioma, escreveu o "San Signos", que reúne 64 escritos baseados nos hexagramas do I Ching.

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Posteriormente, quis criar um idioma que fosse mais "universal" e projetou a "pan-língua", que tem bases na matemática, na astrologia, artes visuais e música. Um idioma puramente monossilábico... e sem gramática.

Mais detalhes sobre a "pan-língua", aqui.

 Segundo Borges, Xul Solar "era um homem versado em todas as disciplinas, curioso de todos os arcanos, pai de escrituras, de linguagens, de utopias, de mitologias e astrólogo, perfeito na indulgente ironia e na generosa amizade.. Xul Solar é um dos acontecimentos mais singulares de nossa época".

O 'pan-xadrez' contava com 200 peças feitas com madeira de cabo de vassoura que eram movimentadas em um tabuleiro de 12 por 12 quadros.

Em vez de representar guerreiros - como no xadrez tradicional, de origem indiano - as peças simbolizam corpos e seres astrológicos. Neste jogo, duas peças (e até três) podem ocupar o mesmo quadro. As peças começam o jogo fora do tabuleiro. De quebra, o jogo também incluia o uso de 24 cartas de tarô modificadas.

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Seu lar, situado na rua Laprida, número 1212, é atualmente a sede do museu Xul Solar, que exibe grande parte de sua obra.

Mas, nada melhor do que deixar uma descrição mais detalhada de Xul Solar a cargo de Borges, seu amigo. Em setembro de 1980 fez uma conferência em Buenos Aires sobre Xul Solar. O texto, aqui.

Segundo Borges, Xul Solar "era único... talvez cada indivíduo seja único. Mas nele notava-se mais essa unicidade. O compararia com William Blak, precisamente, já que William Blake foi um místico como ele, foi um visionário e um grande poeta, além de grande artista plástico".

O escritor e amigo sustentava que "quase todos nós vivemos aceitando o universo, aceitando tradições, conformando-se com as coisas. No entanto, Xul vivia recriando o universo. O recriava a cada momento".

"Enterro", obra de 1914. Esta aquarela sobre papel é um exemplo das "dimensões" da obra de Xul Solar, que geralmente pintava sobre superfícies pequenas. Esta pintura tem 27 cms de altura e 36 cms de largura.

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 E para encerrar, o site do Museu Xul Solar, aqui.

E por falar em Armstrong, um vídeo com ele e Sinatra, aqui.

E nada a ver, Francesco Saverio Germiniani, outro mestre do barroco italiano, que viveu entre 1687 e 1762. Seu concerto grosso para dois violinos e cello, Opus 3, número 3. Aqui.

E voltando a B.Aires,Francisco Canaro, um dos emblemas do tango no Rio da Prata nos anos 30, 40 e 50, interpreta "Candombe criollo", que mostra bem a herança cultural afro-platina. Canaro, que nasceu no Uruguai, fez a maior parte de sua carreira na Argentina. Aqui.

 

Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).

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