A presidente Cristina Kirchner há quase um ano, quando reapareceu após sua internação, operação e recuperação de uma operação para drenar um hematona no crânio, causado por um traumatismo jamais explicado pelo governo. Naocasião apareceu ao lado de seu novo cão, Simón, e um pinguim de pelúcia de nome desconhecido.
Cristina havia sido internada no domingo da semana passada no Sanatório Otamendi, um hospital de luxo no portenho bairro da Recoleta, por um quadro febril infeccioso. Na sequência os médicos descobriram que sofria uma inflamação no sigmoide. A bactéria responsável pela infecção passou para a corrente sanguínea.
Analistas políticos especulam que a Casa Rosada não está revelando a real dimensão da internação de Cristina. O colunista Nelson Castro, do canal Todo Notícias, que além de jornalista é médico, afirma que, segundo informações em off de integrantes da equipe médica, Cristina teve uma diverticulite. Castro, autor do livro "Doentes de Poder", que trata sobre as doenças dos presidentes argentinos ao longo da História (e como os governos camuflaram seus problemas de saúde), também sustentou que Cristina tem refluxo gastroesofágico, problema que poderia ser a causa de sua frequente faringolaringite.
A ordem de repouso médico obrigará Cristina a permanecer na Argentina. Desta forma, não poderá viajar à cidade de Brisbane, Austrália, onde será realizada a reunião de cúpula do G-20 nos dias 15 e 16. A presidente será representada pelo ministro da Economia, Axel Kicillof, e o chanceler Héctor Timerman.
O governo argentino aproveitará a reunião para realizar novas críticas contra os "holdouts", denominação dos donos de títulos da dívida pública argentina que não aderiram às reestruturações dos bônus feitos pleo governo Kirchner em 2005 e 2010 e que atualmente protagonizam uma ofensiva jurídica contra a Argentina nos tribunais internacionais.
Desde 2003 Cristina Kirchner sofreu frequentes desmaios, causados - segundo seus médicos - por hipotensão. Em dezembro de 2011 o governo anunciou de forma categórica que a presidente tinha câncer na tireoide. No entanto, em janeiro de 2012, após a remoção da glândula, a Casa Rosada teve que admitir que não existia câncer algum. O ácido humor portenho batizou o caso de "o não-câncer" de Cristina.
Em outubro do ano passado o governo, depois de ter negado a internação da presidente, confessou que Cristina estava no hospital Favaloro para uma cirurgia para drenar um hematoma no crânio, cujas dimensões e origens a Casa Rosada nunca explicou. Na ocasião o governo também anunciou a existência de uma arritmia cardíaca em Cristina. Mas, a Casa Rosada não forneceu maiores detalhes sobre a magnitude do problema.
Em janeiro passado a Casa Rosada informou que a presidente sofre uma bursite no quadril.
A presidente costuma ser uma paciente "rebelde", já que evita seguir à risca as recomendações médicas. Nesta semana, apesar das ordens dos médicos para manter estrito descanso, a presidente enviava ordens por mensagem de texto e e-mails a seu gabinete, segundo admitiu a ministra da Indústria Debora Giorgi. Há poucos dias o próprio papa Francisco sustentou que os Kirchners costumam ser "teimosos" sobre os cuidados da própria saúde.
Cristina, eleita em 2007 e reeleita em 2011, completa seu mandato presidencial em dezembro do ano que vem. A constituição proíbe uma segunda reeleição presidencial. Até o momento a presidente não escolheu um sucessor para disputar as eleições de 2015.
A saúde da presidente Cristina será objeto de uma das várias conferências do simpósio "Liderança, estresse e hubris" organizada na capital britânica pela Sociedade de Medicina de Londres no dia 17.
Para embalar este início de semana vamos com algo ad hoc a política argentina: de Nino Rota, o tema de "8 1/2". Riccardo Muti rege a Filarmonica della Scala:
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Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra). Em 2013 publicou "Os Argentinos", pela Editora Contexto, uma espécie de "manual" sobre a Argentina. Em 2014, em parceria com Guga Chacra, escreveu "Os Hermanos e Nós", livro sobre o futebol argentino e os mitos da "rivalidade" Brasil-Argentina.
No mesmo ano recebeu o Prêmio Comunique-se de melhor correspondente brasileiro de mídia impressa no exterior.