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Mundo em Desalinho

Eu não quero uma casa no campo

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Por claudiatrevisan
Atualização:

Depois de uma semana em Xangai, nada como uma visita à zona rural para ser lembrada dos imensos desafios que a China ainda tem pela frente no processo de inclusão de seu 1,3 bilhão de habitantes na sociedade de consumo. Apesar de sua exuberância, as prósperas cidades da costa leste, como Xangai e Pequim, não representam a China real, que está nas 700 mil vilas rurais onde vive 56% da população do país _algo como 730 milhões de pessoas ou cinco vezes a população do Brasil. Os camponeses chineses não têm aposentadoria nem assistência média gratuita e cultivam pequenos pedaços de terra de onde arrancam a golpes de enxada a subsistência de suas famílias. Quase não há mecanização e o trabalho de plantar e colher é manual. Não existe mais fome e na maioria das vilas os camponeses têm suas próprias casas, nas quais criam galinhas e porcos. Mas sobra muito pouco nos seus bolsos ao fim de cada ano, o que empurra milhões deles à busca de empregos nas fábricas e obras de construção civil nas cidades. Um dos camponeses que entrevistei disse que ele e a mulher tiveram no ano passado um lucro de 1.800 yuans (US$ 270), o que deu a cada um deles uma renda per capita US$ 135. No mesmo período, os três filhos do casal levaram para a casa 30 mil yuans (US$ 4.411), que ganharam trabalhando como operários nas cidades. O que evita uma migração em massa para as zonas urbanas é o sistema de registro de residência da China, que discrimina seus cidadãos entre moradores do campo e da cidade. Os camponeses enfrentam uma série de restrições para se estabelecer nas zonas urbanas, como proibição de comprar imóveis, dificuldade para matricular o filho na escola e preços maiores para utilização dos serviços de saúde. Por isso, os migrantes rurais costumam deixar a família no campo e trabalhar por períodos determinados nas cidades, ao fim dos quais retornam às origens. Aí vão algumas imagens da vida no campo chinesa:

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