Nos meses que se seguiram à tragédia da escola Sandy Hook, em Connecticut, houve uma ebulição de propostas nos Poderes Legislativos estaduais em torno do assunto, com a apresentação de 1.500 projetos de lei. Desses, 109 se tornaram lei. Mas a maioria delas, 70 no total, reduz ainda mais os já tênues controles sobre a posse de armas. Apenas 39 aumentam as restrições.
As 20 crianças assassinadas a tiros em Sandy Hook tinham entre 6 e 7 anos de idade. Eram 12 meninas e oito meninos. Sob o impacto da tragédia, o presidente Barack Obama apresentou proposta que ampliava a verificação dos antecedentes dos que pretendessem comprar armas.
Longe de ser radical, o projeto tinha o modesto objetivo de evitar que rifles semiautomáticos e afins caíssem nas mãos de pessoas condenadas por crimes, incluindo atos de violência doméstica, ou que tivessem um histórico de problemas mentais. A proposta foi enterrada em abril, quando recebeu o aval de 54 dos 100 senadores do país, seis a menos que os 60 necessários para sua aprovação.
O passional debate em torno do assunto é um daqueles de difícil digestão pelos forasteiros e por muitos americanos frustrados com a eficácia do lobby pró-armas da Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), que resiste até mesmo às tímidas tentativas de limitar o setor. A defesa do porte de rifles, revólveres, pistolas e afins tem base na Segunda Emenda à Constituição, de acordo com a qual esse direito não pode ser violado pelo Estado.
Em uma versão contemporânea dos saloons dos faroestes americanos, o Starbucks pediu em setembro que seus clientes deixem suas armas em casa quando forem a uma de suas 11 mil lojas nos Estados Unidos. Não que a maioria dos americanos ande pelas ruas com seus revólveres na cintura, mas o fato de que a maior rede de cafés do país tenha se sentido compelida a divulgar uma política desse tipo revela o quão costumeira é a prática, especialmente no interior.