Estando no meio da floresta tropical, eu esperava ver macacos por todos os lados e uma população muito maior de sapos e insetos. Mas eles estavam escondidos na mata e nem sempre dispostos a agradar os visitantes. Consegui ver uns seis macaquinhos, pendurados em árvores distantes e só depois de muita busca e concentração _e pensar que no Rio eles aparecem nas varandas de apartamentos da Lagoa Rodrigo de Freitas.
A grande estrela de Bornéu é o orangotango e conseguir ver um amenizou um pouco a sensação de estar desperdiçando minhas férias em um lugar demasiadamente familiar. Vi apenas um, mas a experiência foi comovente e reveladora. A grande surpresa foi descobrir que orangotangos fazem ninhos e o que eu vi trabalhava em um deles naquele momento, quebrando galhos que estavam ao redor e os acomodando em uma cama imaginária. No fim, ele pegou um galho bem frondoso e cobriu o rosto, o que lhe deu um ar terno de desproteção. Segundo o guia que nos acompanhava, todos fazem isso quando se preparam para dormir. Também aprendi que os orangotangos são criaturas solitárias. Os machos vagam de árvore em árvore construindo ninhos e as fêmeos ficam com os filhotes até eles aprenderem a se defender e sobreviver, quando partem para suas próprias vidas solitárias.
Creio que meu pouco entusiasmo pela expedição foi reforçado pelas longas explicações sobre os diferentes tipos de árvores, plantas e flores, acompanhados dos nomes científicos, das propriedades e da utilidade caso eu me encontre diante do pouco provável desafio de ter que sobreviver sozinha na floresta, como os orangotangos.
A mais divertida experiência foi o banho de cachoeira. Nada especial no banho em si, mas sim nos peixes que comem pele humana. É uma espécie de terapia natural de renovação da pele, na qual os peixes se encarregando de retirar a que já está morta. O começo é estranho, para dizer o mínimo, mas logo minhas pernas e pés estavam cercados de peixes que me mordiam avidamente. "Lovely!, diria a holandesa.