PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Mundo em Desalinho

O incêndio, a lei e a censura

O incêndio que destruiu um prédio de 30 andares da futura sede da rede de TV estatal chinesa CCTV pode ser lido como um emblema da distância em que a China ainda se encontra de algo parecido ao "império da lei". Se a investigação concluída em tempo recorde pelas autoridades de Pequim estiver correta, o incêndio foi provocado por um show ilegal de fogos de artifício contrato pela administração da própria estatal para marcar o último dia de celebrações do Ano Novo chinês. De acordo com o chefe do Escritório de Controle de Incêndios de Pequim, Luo Yuan, os representantes da CCTV foram alertados pela polícia de que o tipo de fogos que seriam utilizados no show não são permitidos no perímetro urbano, por terem potencial explosivo maior que os demais. Ainda assim, os fogos foram utilizados e a polícia não fez nada para impedir o show pirotécnico. Este é apenas um dos inúmeros exemplos de poderosos que se esquivam do cumprimento da lei, em um país que não tem Judiciário nem Ministério Público independentes e no qual a imprensa é controlada pelo Estado. Nessas condições, é difícil imaginar como os dirigentes do Partido Comunista vão realizar seu projeto de implantar um modelo de governo que seja regido pelo "império da lei", que estaria acima de todos, incluindo os mais graduados chefes comunistas. O incêndio também mostrou a popularidade da internet entre os jovens urbanos e seu poder de disseminar informações sonegadas pela imprensa censurada. Sites de notícias demoraram quase duas horas para registrar o incêndio, mas milhões de pessoas já haviam recebido a informação por fotos e comentários colocados na rede pelas pessoas que assistiam ao incêndio e fotografavam tudo com seus telefones celulares. Para os que tiverem interesse em saber mais sobre a vida na China, sugiro a leitura de dois blogs escritos por jornalistas brasileiras que também moram em Pequim: www.janajan.blogspot.com e www.comendodepalitinho.blogspot.com Aí vão algumas fotos do incêndio e do dia seguinte:

Por claudiatrevisan
Atualização:
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.