O porta-voz adotou uma postura mais cordial nos dias seguintes, mas não abandonou o tom belicoso no questionamento do que considera um tratamento injusto da mídia em relação ao governo. Spicer também sustentou a acusação de que a imprensa divulga "notícias falsas", o bordão usado pela administração para desqualificar reportagens que considera negativas.
A performance de Spicer é a mais recente fonte de inspiração do Saturday Night Live, o show semanal que se transformou no mais popular instrumento de crítica do governo Trump. No último episódio, a atriz Melissa McCarthy personificou o porta-voz em uma sátira devastadora de seus primeiros 15 dias no cargo. A atriz de As Caça-Fantasmas adotou um tom estridente e um terno acima de seu tamanho para desempenhar o papel de Spicer -segundo a imprensa americana, Trump não gostou do estilo mal-ajambrado exibido pelo porta-voz em sua primeira aparição no cargo.
"Eu sei que eu e a imprensa tivemos um começo turbulento", disse McCarthy, usando a expressão em inglês rocky start. "Quando eu digo rocky start, eu quero dizer no sentido do filme Rocky, porque em vim aqui para socar vocês na cara", disse a atriz, em referência ao filme estrelado por Sylvester Stallone. "Eu gostaria de começar hoje pedindo desculpas em nome de vocês para mim, pela maneira pela qual vocês me trataram nas últimas duas semanas", afirmou o Spicer do Saturday Night Live.
A hostilidade do porta-voz em relação aos jornalistas foi apresentada no show de maneira literal. Quando "repórteres" faziam perguntas críticas, McCarthy os atacava com a réplica do pódio usado por Spicer. O porta-voz respondeu à última delas com o disparo de um revólver de água.
O Spicer da vida real tem a missão ingrata de defender declarações de Trump que nem sempre correspondem à realidade. Na noite de segunda-feira, ele reiterou a afirmação do chefe de que a imprensa não cobriu de maneira suficiente uma série de atentados terroristas, entre os quais o de Nice, Paris, San Bernardino e Bruxelas. Todos eles ocuparam incontáveis páginas e horas de programação dos jornais e TVs dos EUA.
Na semana passada, Spicer havia classificado de "patéticas" as reportagens que apontaram para o fato de que a declaração divulgada por Trump no Dia de Memória do Holocausto não fazia referência aos judeus. O Comitê Judaico Americano respondeu ao porta-voz no Twitter: "Desculpe @PressSec, nunca é patético defender a memória de 6 milhões de judeus mortos no Holocausto".