Trump diz que proximidade com Putin é 'ativo' e nega ter sido alvo de espionagem russa

Trump reconheceu que Rússia provavelmente teve culpa em espionagem de democratas, mas relativizou a importância dos hackers para a eleição

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Por Redação Internacional
Atualização:

NOVA YORK -O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, reconheceu nesta quarta-feira, 11, que russos espionaram a campanha democrata. Pressionado em sua primeira entrevista coletiva em seis meses, ele alegou que sua proximidade com a Rússia não se deve a informações comprometedoras reunidas pelo Kremlin contra ele em um dossiê. Trechos desse documento, de veracidade não comprovada, foram divulgados na terça-feira.

Trump acusou o serviço de inteligência americano de vazar dados falsos e atacou meios de comunicação que publicaram as informações. "As agências de inteligência nunca deveriam ter permitido que essa notícia falsa chegasse ao público. Um último tiro contra mim. Estamos vivendo na Alemanha nazista?", disse.

Trump dá entrevista em Nova York Spencer Platt/Getty Images/AFP Foto: Estadão

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Foi a primeira vez que ele falou com a imprensa desde sua eleição. Na última entrevista, ainda durante a campanha, Trump incitou a Rússia a "encontrar" 30 mil e-mails de sua então rival, a democrata Hillary Clinton, àquela altura envolvida em um escândalo relacionado ao uso de um servidor privado de mensagens quando era secretária de Estado.

Trump falou em Nova York um dia depois de a CNN revelar a existência do relatório de inteligência americano sobre operações ilegais de agentes russos. Essas ações incluiriam material comprometedor sobre ele e poderia ser utilizado para chantageá-lo. Trump disse que se os russos realmente tivessem detalhes contra ele teriam publicado. "A Rússia nunca tentou me pressionar. Não tenho nada a ver com a Rússia - acordos, empréstimos, nada!"

Os relatórios, cujo conteúdo foi repassado pelo serviço de inteligência americana na semana passada a Trump e ao presidente Barack Obama, citam viagens feitas por assistentes do magnata supostamente para combinar ações com agentes russos a fim de beneficiá-lo nas últimas eleições.

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Também mencionam uma gravação de vídeo na qual Trump supostamente aparece com prostitutas em um hotel de Moscou em 2013. Ele reconheceu ter visitado o país em razão do concurso Miss Universo naquele ano. Trump não fugiu a uma questão sobre o relato, publicado pelo site Buzzfeed, de que teria sido flagrado em vídeo em práticas sexuais não convencionais: "Eu digo a todo mundo que viaja comigo para tomar cuidado com câmeras", afirmou, insinuando que há câmeras pequenas por toda parte e ele nunca seria pego de surpresa no exterior. "Além disso, tenho medo de germes", brincou.

Espionagem. Embora tenha admitido que a Rússia teve papel ao hackear o Comitê Nacional Democrata na campanha, ele relativizou a ação, dizendo que outros atos de ciberespionagem, principalmente feitos pela China, não tiveram a mesma atenção. "Hackear é ruim e não deveria ter ocorrido", afirmou ele. Trump sustentou que os democratas foram relapsos em relação à segurança e os republicanos tomaram mais precauções.

O presidente eleito afirmou que os EUA sofrem ciberataques de "todo o mundo, seja da Rússia, da China, qualquer lugar". Ele disse que essas invasões nunca voltarão a ocorrer quando ele chegar à Casa Branca, no dia 20.

Trump disse ser necessário reconstruir os laços com a Rússia em razão da "horrível" relação que existe entre ambos os países. "A Rússia pode nos ajudar a lutar contra o Estado Islâmico", comentou.

Diante da insistência dos jornalistas em questionar sua relação com os russos, Trump sustentou que sua proximidade com Vladimir Putin "é um ativo, não um risco". O presidente eleito agradeceu ao líder russo pelo fato de o Kremlin ter negado oficialmente ter informações comprometedoras sobre ele.

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Trump discutiu com um repórter da CNN. Ao longo de uma resposta sobre a publicação do briefing de inteligência, o presidente eleito fez críticas ao canal de notícias. Questionado pelo jornalista se poderia responder a uma pergunta dele, Trump disse: "Não, você publica notícias falsas."

Em sua referência mais direta ao atual governo, Trump sustentou que vai ordenar a revisão do Obamacare, lei que determinou a obrigatoriedade de planos de saúde. "O plano é um desastre. Vamos fazer um favor aos democratas acabando com ele", provocou. / NYT e EFE

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