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Conservadores temem pelo futuro do Partido Republicano

Membros tradicionais citam o radicalismo de Trump e falam abertamente em divisão da legenda

Por Redação Internacional
Atualização:

HERSHEY, EUA - A classe operária mais conservadora da Pensilvânia considera Donald Trump um salvador que pode devolver aos EUA os empregos transferidos para outros países e revolucionar Washington. Mas teme pelo futuro do Partido Republicano em caso de derrota do candidato.

Os homens e mulheres que moram nas localidades industriais da Pensilvânia e em outros Estados com presença da mineração foram caracterizados por Barack Obama, em 2008, como "amargurados e aferrados às armas ou à religião". Oito anos depois, o desprezo permanece na memória de muitos que se consideram cada vez mais afastados das decisões de Washington.

Trum faz campanha em Hershey, Pennsylvania, onde muitos o veem como 'o salvador' 

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Trump é para eles o provocador magnata que atacou a classe política com uma campanha eleitoral de confronto, na qual venceu 16 pré-candidatos republicanos. Ao atuar assim, ele abriu um abismo entre os líderes republicanos e milhões de militantes da base. Se Trump vencer, o partido será seu. Se perder, os republicanos enfrentarão o desafio de reconstruir o partido e curar as feridas.

Alguns seguidores de Trump contemplam a possibilidade de que muitos de seus seguidores abandonem o partido. "Duvido que desejem retornar ao curral", disse Ken Bleistein, de 66 anos, em Hershey, na Pensilvânia. O aposentado afirmou que não ficaria surpreso se os simpatizantes mais conservadores de Trump deixassem o partido em uma tentativa de retomada do controle sobre os descontentes.

A Pensilvânia se considera injustiçada, pois perdeu muitos empregos industriais e tem uma taxa de desemprego maior que a média nacional. Nenhum candidato à presidência republicano vence no Estado desde 1988. As áreas rurais são conservadoras, mas as cidades, como a Filadélfia, são majoritariamente democratas.

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Entre os entrevistados em Hershey, todos expressaram diferentes níveis de indignação com o Partido Republicano por negar um apoio integral a Trump ou por não cumprir algumas promessas, como a de revogar a reforma do sistema de saúde de Obama.

"Vai acontecer uma revolução", afirma o operário Wayne Hess, de 56 anos. Ao mesmo tempo, ele acredita que o partido permanecerá unido. "Se você é republicano, não abandona os republicanos. Estou falando de que nos devolvam o país. Custe o que custar. Votar não funciona." Futuro do partido. Indignados e com um compromisso frágil com os princípios conservadores tradicionais, muitos republicanos falam em abandonar o partido porque os dirigentes não aceitaram Trump.

"Um sentimento coletivo de perda e vitimismo poderia levar os fãs de Trump a dividir o partido e prejudicar suas possibilidades de conquistar a presidência no futuro", afirma Saladin Ambar, diretor do departamento de Ciências Políticas na Universidade de Lehigh. "Talvez o partido não morra e desapareça, como o Whig", disse ele, em referência ao partido de curta duração do século 19. "Mas poderia morrer como partido relevante em uma eleição nacional."

A coordenadora da campanha de Trump, Kellyanne Conway, negou-se a considerar a possibilidade de uma derrota. Ela afirmou que o candidato "trabalha para unificar o partido", muito mais que os republicanos que se negaram a apoiar sua campanha. Ao falar sobre os conservadores que pensam em abandonar o Partido Republicano, Kellyanne disse: "Não deveriam fazer isso. Não há um espaço confortável para eles no Partido Democrata." / AFP

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